terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A Rapariga Corvo







A psicoterapeuta Sofia Zetterlund está a tratar dois pacientes fascinantes: Samuel Bai, um menino-soldado da Serra Leoa, e Victoria Bergman, uma mulher que tenta lidar com uma mágoa profunda da infância. Ambos sofrem de transtorno dissociativo de personalidade. 
A agente Jeanette Kihlberg, por seu lado, investiga uma série de macabros homicídios de meninos em Estocolmo. O caso está a abalar a investigadora, mas não tem tido grande destaque devido à dificuldade em identificar os meninos, aparentemente de origem estrangeira. 
Tanto Jeanette como Sofia são confrontadas com a mesma pergunta: quanto sofrimento pode um ser humano suportar antes de se tornar ele próprio um monstro?
À medida que as duas mulheres se vão aproximando cada vez mais uma da outra, intensificam-se os segredos, as ameaças e os horrores à sua volta.


Desde algum tempo a esta parte que me vou dedicando à leitura de autores suecos. 
Os livros, de uma forma geral versam sobre crimes, atrocidades que quase, apenas quase, nos custam a acreditar que possam ser cometidos por seres humanos, mas sabendo como o ser humano por natureza é desumano e tudo o que tem de bom é uma dádiva que deve ser acarinhada, não estranhamos.
O pior é quando damos de caras com um livro deste género.

Enlaça a investigação criminal com a investigação da psicanálise e vamos sendo expostos a relatos de crimes pedófilos que nos dão vontade de fechar o livro, respirar fundo e pensar: sim, é verdade, sabemos que existe, mas não precisamos saber detalhes. 
Acontece no entanto que apesar de tão negro, está tão bem escrito que nos cativa e entre a vida da psicoterapeuta Sofia e da detective Jeanette damos por nós a querer saber mais para confirmarmos que as nossas suspeitas estão certas.
Ou talvez erradas, ou afinal nem uma coisa nem outra porque apesar de parecer, nada é o que nos parece e quando chegamos à ultima parte do livro, damos conta de que as nossas suspeitas afinal não são assim tão infundadas, alterando apenas o objeto/personagem das mesmas. Ou não!

Se gostam de literatura negra, aconselho, pois é do mais negro que há e apesar de todas as repulsas e stresses que a leitura desta obra nos provoca, também nos oferece um final que nos vai obrigar a ler os restantes volumes desta trilogia, por muito negros que sejam.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Gritos do Passado


Sinopse
Numa manhã de um Verão particularmente quente, um rapazinho brinca nas rochas em Fjällbacka - o pequeno porto turístico onde decorreu a acção de A Princesa de Gelo - quando se depara com o cadáver de uma mulher. A polícia confirma rapidamente que se tratou de um crime, mas o caso complica-se com a descoberta, no mesmo sítio de dois esqueletos. O inspector Patrick Hedström é encarregado da investigação naquele período estival em que o incidente poderia fazer fugir os turistas, mas, sem testemunhas, sem elementos determinantes, a polícia não pode fazer mais do que esperar os resultados das análises dos serviços especiais. Entretanto, Erica Falk, nas últimas semanas de gravidez, decide ajudar Patrick pesquisando informações na biblioteca local e novas revelações começam a dar forma ao quadro: os esqueletos são certamente de duas jovens desaparecidas há mais de vinte anos, Mona e Siv. Volta assim à ribalta a família Hult, cujo patriarca, Ephraim, magnetizava as multidões acompanhado dos dois filhos, os pequenos Gabriel e Johannes, dotados de poderes curativos. Depois dessa época, e de um estranho suicídio, a família dividiu-se em dois ramos que agora se odeiam.

Iniciei as leituras de policiais suecos com A Princesa do Gelo de Camilla Lackberg e gostei tanto que depois desse foi a tetralogia de Mons Kallentoft quase em simultâneo com a trilogia Mllennium de Stieg Larson e agora muito tempo depois, li o segundo livro de Camilla.

A vida do casal Erica e o inspector Patrick presença em todos os livros, serve quanto a mim, para nos dar um momento para respirar dentro da acção, uma vez que esta, nos deixa de respiração suspensa, desejando saber o como, quem ou o porquê desde que a apresentação da acção a desenvolver se faz (no caso deste livro com o aparecimento do cadáver e dos dois esqueletos).

Com este segundo livro, comprova-se que embora o grupo de personagens se mantenha, os casos de cada livro, não estão interligados e podem ler-se por qualquer ordem, embora possamos perder a meada à vida do casal e de alguns dos outros personagens. Vidas essas que não influenciam os casos, mas para quem gosta de ler e de seguir determinado autor, poderão ser importantes.

A escrita de Camilla é acessível e não se torna pesada com excesso de descrição ou de pormenores técnicos, o que para os mais exigentes pode ser uma lacuna. Para mim, está óptimo, porque com certos autores esse excesso corta o ritmo de leitura da acção principal.

Depois de alguns meses de interregno nas leituras dos policiais suecos, já não posso esperar muito tempo sem seguir para o próximo Teia de Cinzas e se gostam de policiais, aconselho a testar um policial sueco, se ainda não o fizeram.




segunda-feira, 22 de setembro de 2014

"Confissões"

Conforme fiz com a colectânea "Cartas", farei com a colectânea "Confissões".
Uma vez que já está editada, já posso transcrever a minha participação, que mantém o mesmo tema da anterior.



A ti, leitor, me confesso.
Há confissões que não podemos fazer a ninguém, porque arriscamo-nos a ser penitenciados, a ser castigados pelos nossos pensamentos mais íntimos ou atos mais ou menos vis.
Há confissões que nos rasgam a alma se as fazemos a quem não as entenda, e que nos fazem perder pedaços de nós, porque as guardamos como nossas, como se as guardando, pudéssemos preencher espaços que não queremos em branco.
Há confissões que só de pensarmos em as dar a conhecer nos doem como se fossem tão nossas que mais ninguém as pode conhecer.
E há confissões que nos libertam. Libertam a paz que nos devia inundar e está atravancada, coberta por dores, remorsos, ódios, medos, à espera de serem confessadas.
Quando a nossa vida nos leva a passos ingratos que depois de dados não valem nada, os remorsos atacam como águias famintas e nada do que podermos fazer, nos alivia. É por isso que esses passos, afinal, devem ser confessados, largados, esquecidos, para que deem espaço a outros.
A ti, leitor, me confesso.
Quando escrevo, poderia escrever um livro para ti, mas não.
Poderia criar uma personagem que te agradasse quando a conhecesses e fazê-la movimentar-se por locais e ações que te despertassem qualquer coisa de bom, mas não.
Poderia escrever por ti, para ti, mas não.
Confesso que o faço por mim.
Escrevo porque quero experimentar a realização de desejos e sonhos que de outra forma, ficariam calcados em mim.
Crio uma personagem com as características que desejaria encontrar em pessoas que me rodeiam, mesmo quando a ação me obriga a criar outras que só de longe gostaria de encontrar.
Imagino locais onde gostaria de estar. Não que me dedique muito a descrevê-los nos contos, apenas o suficiente para que tu te localizes, porque o resto eu sei e imagino-me lá. Crio tramas que nem sempre gostaria que me acontecessem, mas apenas para ver como os meus personagens reagem frente a elas.

Por isso, leitor, como vês, é por mim que escrevo. Esta forma egoísta de escrever, não procura leitores, mas aprecia quando os tenho.
É por isso que são poucos, mas bons. Os que começam e não gostam devem parar de imediato, para não criticarem demasiado. Os que gostam seguem em frente e não criticam este egoísmo, de personagens minhas e de locais únicos, discretamente anunciados.
A ti, leitor, me confesso.
Não vou parar de escrever, desta forma. É esta forma que me ajuda a viver quando as coisas reais da vida, não me incentivam.
Acho que se antes quando me lias, não achavas correto ou não entendias a forma como te apresentava quer os personagens quer a ação, sem os partilhar, agora já sabes porque o faço e quando me voltares a ler, talvez, espero que sim que talvez, me entendas melhor e aprecies mais o que lês, como sendo uma forma de me confessar quando não quero que a confissão pareça tão literal, não vá dar-se o caso de ter que me penitenciar, pois deves ter percebido que me acho no direito de ser egoísta com os meus contos.

E agora que a ti, leitor, me confessei sinto-me mais completa, mais forte, mais livre, como se, apenas pela confissão, tivesse a certeza do perdão e sem penitências, tivesse sido redimida.


Conforme disse um dos autores de uma confissão - não é o que se confessa que é importante, é o ato de confessar.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Afinal voltei para desabafar de mim para mim



Aqui há uns meses (apercebo-me agora que há muitos meses) publiquei um post sobre um conto que tinha iniciado há quase um ano, já naquela altura tempo demais para estar parado e que me tinha travado a dada altura.

Passado todo aquele tempo, fiz uma leitura geral, fiz algumas alterações que me animaram e pareceu-me que estava pronta para seguir com a escrita.

Mentira! Não estava, nem estou.

Ontem propus-me ler as ultimas folhas porque tudo o que é anterior já sei de cor e salteado, e fiquei na mesma. Gosto da ideia, gosto do assunto, mas não consigo animar-me a dar-lhe continuidade e já descobri porquê.

Sempre tive a ideia e disse várias vezes que o que me leva a escrever um conto, são as personagens. É a vontade de colocar as personagens em determinadas situações. Portanto, preciso de criar uma personagem que até pode nascer motivada por alguma coisa que aconteceu ou que imaginei, mas tenho que a apaparicar, namorar, como se fosse gente. 

Resumindo, preciso apaixonar-me por uma personagem para a poder por em acção e infelizmente, neste caso, neste conto, não há uma única que me tenha despertado essa paixão.

Todos os contos que escrevi, apesar de todas as histórias terem um personagem principal por norma, têm um personagem que criei ou adaptei por paixão. Essa personagem é o centro da coisa. É por ela que o conto se faz, é por ela que vemos a acção e é em redor dela que vivemos.

Passo a exemplificar. Entre outros, porque isto quem escreve, escreve muito. Ou não. Eu escrevo muito.

Os Olhos da Morte - Narra a viagem de investigação de um grupo, onde duas personagens são mais fortes que as outras e no entanto, é uma terceira personagem (secundária supostamente) que é a que me fez escrever o conto.

Por Uma Questão de Liberdade - Tem uma personagem principal de inicio e vai, ao longo do conto, discretamente, dando lugar a outra personagem que apesar de não lhe cortar o protagonismo, para mim é a mais importante, pelas lutas, pelas tomadas de decisão e as responsabilidades.

Trilogia "No Mais Profundo dos Sentidos" que é composto de três contos (Sangue do Meu Sangue, Entranhado na Pele, De Olhos em Ti) que podem ser lidos em sequência ou separados tem as ultimas personagens por quem me apaixonei. Adaptei uns quantos personagens que achei interessantes do jogo de consola "Final Fantasy" e transformei-os em "gente".
Em gente que me cativasse. Vesti-lhes a pele, fi-los reagir como eu reagiria em certas situações e fui vivendo com eles ao longo dos três contos. E, embora não volte a "vivê-los" porque três contos de fantasia com vampiros e afins, chegam para experiência, não me canso de os ler quando estou em intervalo de outras leituras e fico com pena de me despedir quando chego ao fim do terceiro conto,

É isto que eu gosto de sentir quando escrevo ou quando leio o que escrevo (ou o que outros escrevem) e neste caso, neste conto em especial, não sinto nada disto.

Acho que me vou dar tempo e vou respirar fundo. Daqui a uns tempos vou aproveitar as quase trezentas páginas que já escrevi, dar-lhes uma volta tal que ou transformo um dos personagens em um que me cative, ou se isso for impossível, vou abandoná-los de vez, a todos! Não lhes perdoo nem me perdoo a mim.





sexta-feira, 5 de setembro de 2014

"Confissões"

Confesso que só passei para deixar este convite.


terça-feira, 19 de agosto de 2014

Tempos sem Net... são tempos doces...




Se alguém perguntar por mim... fui ali e já venho (ou não).




quarta-feira, 18 de junho de 2014

Estrada da Noite




Durante dezoito anos Jude Farraday colocou as necessidades dos filhos antes das suas. Os gémeos Mia e Zach são adolescentes inteligentes e felizes. Quando Lexi Baill chega àquela fechada comunidade, ninguém se mostra mais amistosa que Jude. Porém, numa noite de Verão, os seus piores receios concretizam-se. De um momento para o outro a família Farraday será desfeita e Lexi perderá tudo.
Nos anos seguintes, cada um deles terá de enfrentar as consequências daquela noite e arranjar maneira de esquecer... ou, coragem para perdoar os que se amam.


Quando me emprestaram este livro, resumiram a história e disseram é tão linda, tão linda, confesso que fiquei de pé atrás. Tinha todo o ar de um romance banal e tal e tal... eu com a mania...


Comecei a ler e a ideia do romance banal manteve-se, mas... Fez lembrar aqueles filmes, normalmente americanos, de adolescentes que se apaixonam, com famílias perfeitas de classe média alta e que a dada altura sofrem alguns contratempos, mais ou menos graves, mas que no fim tudo de resolve. E voltamos ao mas... a escrita é tão simpática e tão fluída que nos sabe bem ler a história banal, mais ou menos elaborada e até chegamos a torcer pelos personagens e a sentir um pouco o que eles sentem.
A personagem principal, Jude, teve momentos em que com tanta dor, tanto sofrimento que a tornou egoísta, fechada no seu sofrimento, esquecendo tudo e todos ao seu redor, me irritou.  Se calhar é assim que as pessoas reagem a uma dor muito forte.

Se quiserem ler, uma história bem escrita, leve e bonita, apesar do sofrimento no seu meio, podem ler esta que vão gostar.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Cem Anos de Solidão


«Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía haveria de recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer o gelo.» Com estas palavras - tão célebres já como as palavras iniciais do Dom Quixote ou de À Procura do Tempo Perdido - começam estes Cem Anos de Solidão, obra-prima da literatura contemporânea, traduzida em todas as línguas do mundo, que consagrou definitivamente Gabriel García Marquez como um dos maiores escritores do nosso tempo. A fabulosa aventura da família Buendía-Iguarán com os seus milagres, fantasias, obsessões, tragédias, incestos, adultérios, rebeldias, descobertas e condenações são a representação ao mesmo tempo do mito e da história, da tragédia e do amor do mundo inteiro.


Este é o terceiro livro que leio de Gabriel Garcia Marquez. Os anteriores foram, Amor em Tempos de Cólera e Crónica de Uma Morte Anunciada.
Relativamente ao terceiro não aconteceu, porque a acção se passa em dias, mas a mestria com que o escritor nos faz passar por anos de vida das famílias, sem nos aborrecermos, quando damos por nós, passou um século, no caso deste livro e as personagens não estão perdidas, nem bafientas, são até muito recentes as do final, mas parece-nos que sempre estiveram presentes na história.
"Considerado um dos melhores livros de literatura latina já escritos, sua história passa-se numa aldeia fictícia e remota na América Latina chamada Macondo. Esta pequena povoação foi fundada pela família Buendía – Iguarán.
A primeira geração desta família peculiar é formada por José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán. Este casal teve três filhos: José Arcadio, que era um rapaz forte, viril e trabalhador; Aureliano, que contrasta interiormente com o irmão mais velho no sentido em que era filosófico, calmo e terrivelmente introvertido; e por fim, Amaranta, a típica dona de casa de uma família de classe média do século XIX. A estes, juntar-se-á Rebeca, que foi enviada da antiga aldeia de José Arcadio e Ursula, sem pai nem mãe.
A história desenrola-se à volta desta geração e dos seus filhos, netos, bisnetos e trinetos, com a particularidade de que todas as gerações foram acompanhadas por Úrsula (que viveu entre 115 e 122 anos). Esta centenária personagem dará conta que as características físicas e psicológicas dos seus herdeiros estão associadas a um nome: todos os José Arcadio são impulsivos, extrovertidos e trabalhadores enquanto que os Aurelianos são pacatos, estudiosos e muito fechados no seu próprio mundo interior.
Os Aurelianos terão ao longo do livro a missão de desvendar os misteriosos pergaminhos de Melquíades, o Cigano, que foi amigo de José Arcadio Buendía. Estes pergaminhos têm encerrados em si a história dramática da família e apenas serão decifradas quando o último da estirpe estiver às portas da morte."
E não há mais nada a dizer, porque tudo o que se disser é pura especulação, a não ser que aconselho a leitura.

Só um aparte, uma questão prática:


O que eu dava por este esquema e por esta informação quando estava a ler o livro. Confesso que houve alturas em que desesperei e tive que fazer um esforço extra para identificar correctamente cada personagem, tal era a repetição de nomes na família.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

A Ameaça


Vésperas de Natal. Um poderoso agente antiviral desaparece misteriosamente das instalações da Oxenford Medical, uma empresa farmacêutica que está a desenvolver um antivírus para uma das mais perigosas variedades do Ébola. Quem o poderá ter roubado? E com que obscuras intenções? Toni Gallo, responsável pela segurança da empresa, está profundamente consciente da terrível ameaça que o seu desaparecimento pode significar. Mas o que Toni, Stanley Oxenford, o director da empresa, e a própria polícia vão encontrar pela frente é um pesadelo capaz de ultrapassar os seus piores receios…

É o primeiro livro que leio do autor e com tanto bem-dizer à sua volta, achei que o deveria fazer.
Vi uma série baseada em livros seus (Os Pilares da Terra) e não pude dizer que me cativasse. Mas, atentos, que uma série não é um livro e ficção histórica, não é o meu tema predilecto.

Portanto, quando soube do que tratava A Ameaça, não hesitei e li em uma semana, o que me parece um bom recorde para quem lê apenas um pedaço ao serão.

A escrita é muito fluente e não nos atrapalha com demasiados termos técnicos, apenas os suficientes e que são impostos pelo tema do livro. A acção decorre em um par de dias, sendo a ultima parte e a mais empolgante passada no serão da véspera de Natal.

Na altura do assalto ao laboratório, dei por mim a desejar que Kit conseguisse roubar o vírus sem que Toni Gallo chegasse a tempo de o deter, o que de fato aconteceu ou não teria graça. 
Nessa altura e a dada altura, dei por mim a questionar-me por que razão estava do lado de Kit, um filho mal portado que desejava vingar-se de um pai que não estava para lhe aturar as loucuras e ao mesmo tempo livrar-se de uma dívida de jogo que punha a sua vida em risco, em prol de uma funcionária do laboratório, ex-policia, que queria a todo custo manter a segurança da empresa depois de um desagradável episódio de roubo, anterior e menos perigoso. Percebi depois de ler mais uma ou duas páginas. Ao contrário do que a maior parte dos leitores (críticos) dizem, devo confessar que Toni Gallo não me cativou.

Achei-a desinteressante, apenas interessada no seu amor (não correspondido ??? até ver) pelo patrão, bastante mais velho e no querer fazer boa figura, e na sua luta desinteressante com um ex-companheiro policia armado em bom, ou mau.

Dos outros personagens, gostei de Miranda e de Craig. A primeira sem grandes heroísmos e o segundo com heroísmos de um jovem assustado, deram o seu contributo na resolução do assunto, concluído por Toni Gallo que airosamente mostrou que tinha sido uma boa policia se continuasse por essa via, e tinha que mostrar alguma coisita mais.

A conclusão demasiado melosa e em uma vertente mais erótica, não me disse nada e foi suficientemente curta para não aborrecer e ficarmos a saber o fim de todos os criminosos.

Houve um elemento de suavidade e quase hilariante na história, a cortar alguns dos momentos mais densos do livro, a mãe de Toni Gallo que está comodamente sentada à lareira, ao lado da árvore de Natal, a fazer festas a um cachorro que tem ao colo, enquanto ao seu redor se desenrolam lutas e tiros, em um alheamento que nos confirma o padecer de Alzheimer já dado a entender desde a sua primeira aparição no livro.

Acho que não vai ser o único Ken Follet que me vai passar pelos olhos.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

"Cartas"


O  meu exemplar já cá canta e como tal, visto que já está editado e distribuído, portanto sujeito a leituras, já posso partilhar a carta com que participei na colectânea.

Querido eu,
Faz tanto tempo que não te escrevo e hoje ao sentar-me debaixo daquela árvore onde gostava de passar horas a ler, lembrei-me de mim.
Lembrei-me das vezes em que iniciava um livro, convicta de que era o tal e a meio livro lido, o punha de lado, porque não estava a seguir o tema ou o contexto que eu esperava. Largava-o e de olhos fechados, embalada por uma brisa ou pelo calor do sol, imaginava como seria se eu o escrevesse à minha vontade.
E aí, nessa altura, já sabes, era um desenrolar de personagens que seguiam por caminhos que eu imaginava e lutavam contra todo o tipo de monstros, monstros esses que nunca o eram, pois já sabes o que penso de histórias de terror.
Pois é, querido eu, era normalmente uma história singela, com sentimentos simples e onde os personagens nunca tinham duvidas existenciais ou conflitos sentimentais. Por falar em conflitos sentimentais, lembras-te daquela história que comecei a escrever uma vez, em que os personagens se apaixonaram, do nada, e depois começaram a procurar razões para continuarem apaixonados e deitaram tudo a perder e acabaram por ficar sozinhos, no final?
É por isso que não gosto de livros de histórias de amor. O amor deveria ser simples, fácil e não cheio de intrigas e de más-línguas ou qualquer outro tipo de conflitos. Há tantos autores que escrevem livros inteiros sobre esse tipo de romances. No final das suas trezentas ou quatrocentas páginas, acabam felizes (?) ao lado um do outro, mas até lá chegarem… é sofrimento demais. Tanto, que não sei se a felicidade final é real.
A última vez que me lembrei de mim, querido eu, estava sentada em um lugar menos aprazível, à espera de receber uma notícia qualquer que agora não interessa, mas na altura iria como que resolver um degrau da minha vida, e sentia-me desanimada.
Não escrevia nada há tanto tempo, que de repente, tive receio que fosse ficar para sempre assim, sem imaginar histórias boas, sujeita a realidades menos agradáveis, como as daqueles livros que deixava a meio.
Achei que deveria fazer alguma coisa por mim, e então mal cheguei a casa, em um canto, onde ninguém me incomodasse, peguei em caneta e em papel, sempre gostei de escrever em cadernos, porque as folhas presas umas às outras, mantinham os fios da história colados e aproveitei a notícia que recebera antes e iniciei uma história. Galguei sentimentos, mundos, lugares, mas os meus personagens viveram além das dores que puderam sentir e não morreram, porque já sabes que não gosto de criar personagens para depois os matar. É por isso que apesar do sentimento que me toca quando inicio uma história, dou-lhe a volta, para que não sejam infelizes.
É por isso que gosto mais de me lembrar de mim, quando estou feliz e felizmente, faço por estar feliz muitas vezes, mesmo quando há qualquer coisa de uma história de amor atribulada, ou de uma história de terror na minha vida.
Temos que ser mais fortes, querido eu, mais felizes, para que as nossas histórias, possam dar alegria a quem as lê. Gosto de dar alegria a quem lê, mesmo que seja uma alegria passageira.
Não te esqueças que a felicidade, não é um estado adquirido, mas um conjunto de pequenas coisas que nos vão fazendo felizes.
Por isso, querido eu, qualquer momento é um bom momento para escrever, seja o que for, desde que seja feliz.
Sê feliz e até mais. E serão mais, porque com esta carta, decidi que vou escrever-me mais vezes.



segunda-feira, 5 de maio de 2014

"Cartas"


Em seguimento ao post anterior, um convite que estendo a todos quantos quiserem estar presentes.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Estou na Lua

Estou na Lua 
Não me chateies que eu agora estou na Lua
E em breve vou chegar ao céu



Não costumo concorrer a certos passatempos, porque raramente sou seleccionada para alguma coisa. Desta vez concorri e aí estou eu.

terça-feira, 1 de abril de 2014

O Estranho Fado de Elias


Não tenho capa para poder apresentar, mas gostaria de apresentar o autor: Vasco Ricardo, um dos bloggers do blog Viajar Pela Leitura

Por ter lido que Vasco Ricardo, além de opiniões sobre escritores e livros alheios, também escrevia, pedinchei-lhe uma cópia digital de um livro seu e muito amavelmente, disponibilizou imediatamente "O Estranho Fado de Elias".

Antes de tudo e mais uma vez, Obrigada, Vasco!

Gosto sempre de ler novos autores e gosto mais ainda quando me surpreendem pela positiva e Vasco Ricardo não foi excepção.

A escrita é muito simples e fluída, sem deixar que nos percamos em floreados e acréscimos de palavras só para encher papel, que já vi por aí, e a história muito engraçada. Só, acho que em certas situações, não era preciso tanta descrição dos espaços, mas aceito, cada escritor tem o seu método.

Não posso dizer que a história é interessante, porque embora tenha lido e bem, não é o tipo de assunto que me fascina, mas gostei do relato quase diário da vida de Elias, depois de uma circunstância na sua vida pessoal, o ter levado a fazer o que foi fazendo ao longo de todo o livro.

A ideia de que a música é um factor que o leva a agir de determinada maneira, e a necessidade que ele demonstra de ouvir música para tomar decisões, foi uma boa ideia (gostei muito) e coaduna-se muito bem com um personagem com as características psicológicas de Elias. Um "doido" obsessivo-compulsivo. E aqui aproveito para dizer que quando um escritor consegue que um personagem nos fascine ou nos irrite, é um bom escritor e Vasco conseguiu. Elias irritou-me sobremaneira, com as suas fobias e as suas manias. Se eu fosse Odete, jamais ficaria com um homem assim. Livra-te!

Confesso que de inicio, saltei as entrevistas a Joel. Tinham a ver com as músicas que moviam Elias e não me estava a interessar saber o que ele pensava delas. Não gosto muito de acções a intercalar a acção principal de uma história. Comecei a ler essas partes quando me apercebi que eram mais que entrevistas sobre músicas e ainda bem que o fiz, ou perderia uma parte da acção e mais não digo.

Quanto ao final de que já ouvi queixas (não por ser mau, mas por ser triste), e embora eu não pretendesse de forma nenhuma "acarinhar Elias" como li em outra crítica (que gostei muito a propósito), também preferia que o assunto se tivesse resolvido de outra forma, embora as "porradas" que ele levou, tivessem sido muito bem merecidas.

Parabéns, Vasco Ricardo (embora duvide que precise que lho digam).




quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Os Nossos Assassinos


Aqui há tempos, muitos tempos atrás se contarmos em meses, talvez chegue a um ano, ou mais... iniciei um novo conto, porque quem gosta de escrever, sabe que é muito difícil estar sem o fazer e os blogues não satisfazem essa necessidade.

A dada altura parei, porque como boa escritora que sou,cheguei a 260 páginas da coisa, sem saber que rumo lhe deveria dar, já que podia optar pelo sobrenatural ou pelo natural. Embora seja pano que dê para mangas, acho que já tive a minha dose de sobrenatural nos últimos contos, mas parei, na dúvida, ainda assim.

Por não ser manuscrito, não o pude abandonar em uma gaveta (que é sempre uma boa ideia para quando mais tarde os encontramos ou buscamos e os relemos), abandonei-o em um canto da memória do PC.

Não lhe tinha dado título, apenas dei um nome ao ficheiro para saber o que lá constava e na altura estava a pensar seriamente em usar o nome do ficheiro para o seu próprio título. A escolha de um título é para mim, das coisas mais difíceis de se concluir, porque é um importante cartão de visita.

Estes últimos dias, aos poucos, nos poucos tempos livres, fui buscá-lo. Fui relê-lo calmamente, com intenção de lhe fazer alguma coisa. Alterar dos pés à cabeça, por exemplo e terminar de vez.

Não sei se todos os escritores são assim, mas eu dedico-me a um personagem e é por esse personagem, seja ele bom ou mau, que escrevo as histórias, os contos, as tramas da acção. E neste caso, estava a usar vários personagens sem me ter dedicado a nenhum deles.

Gostava de quase todos, e no final não gostava em especial de nenhum.

Ia a meio da leitura quando decidi que os nomes iriam todos mudar. Os nomes de inicio não me soavam bem, não me diziam nada. Mantive um ou dois e alterei todos os outros. Conclui que os que mantive soavam-me bem porque eram de personagens com as quais até engraçava. Então, assim sendo, mantive os nomes que me soavam bem, alterei os que me diziam menos e prossegui na leitura.

A dada altura, importante no desenrolar dos acontecimentos, um dos personagens que quando apareceu foi com intenção de o tornar chato e desinteressante, revelou-se importante para o desenrolar da coisa e deu-me a ideia para o título. Juro que foi o personagem que me deu a ideia. Não fui eu que o fiz falar já com esse intuito... Ele falou porque dava jeito dizer o que disse para a acção e eu, mas só agora nesta leitura, aproveitei e agarrei as palavras dele, obtendo o titulo do conto.

E com esta dádiva do título, tenho que agradecer ao personagem de alguma forma e já sei a opção a tomar no estilo de acção.

Foi graças aos Imagine Dragons que fui rever o ficheiro, por causa dos seus Demons
....
I wanna hide the thruth
I wanna shelter you,
But with the beast inside
There's nowhere we can hide
...
When we feel my heat
Look into my eyes
It's where my demons hide
It's where my demons hide

Don't get too close
It's dark inside
It's where my demons hide
It's where my demons hide



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Fio de Sangue




Este segundo livro, sendo um seguimento do Acordar ao Entardecer vai ser-nos apresentado alguns meses depois, com o grupo que se reuniu para encontrar a autora (Gina) da morte de alguns dos personagens do primeiro livro, em plena caçada.
Na altura da leitura do primeiro livro, fiquei "arrasada" com a morte de uns quantos personagens no final do livro, mas agora percebi como a autora conseguiu matar os personagens quase todos. Já contava ressuscitá-los mais tarde. Porque se não foi com essa intenção, mais uma vez lhe dou os parabéns pela mestria dessa situação, no primeiro livro, porque se há coisa que me custaria era criar um personagem, acarinha-lo como fez e depois matá-lo. Não consigo. Nos meus livros, se mato algum personagem e são poucos os que morrem (a não ser os vilões que salvo raros casos, nem são identificados com nomes) tenho que o criar sem interesse para mim e com qualquer coisa detestável que só me faz, dessa forma, desejar acabar-lhe com a vida. 
Retomando este livro, que é para isso que aqui estou. Não gostei de os ver de volta. Preferia que fosse, de facto, a vingança mais profunda e crua, baseada na dor da perda que os fazia seguir na busca de Gina (culpada e autora da morte deles) não a outra vingança.
E com o renascer dos mortos, chegam personagens de que já não me recordava (isto sou eu que sou distraída) e há alturas da leitura em que me perco e já não sei quem é vampiro e quem é humano e só depois de mais algumas cenas os reconheço como sendo uns ou outros. Ainda bem que os personagens para um escritor, são como filhos, e o próprio não os esquece em caso algum. Quem ler e não entender que se aguente ou se concentre.
 A acção principal deste livro, a par com a caçada a Gina, é, a defesa de Bernardo (um do ex-mortos) e seu herdeiro (aparecido neste segundo livro) e chegamos a um ponto que gostaria de focar, não em critica à autora, mas como minha única opinião: Apesar de ler vários tipos de livros com vampiros como personagens e de os ter escrito eu própria, nem todos as histórias de vampiros são do meu gosto (é por isso que há gostos para tudo e para todos), e apesar (repetindo a palavra) de com vampiros e outras criaturas sobrenaturais, elas poderem atingir todos as características que o autor quiser, ainda me custa aceitar que procriem, se eles são criaturas sem vida.
Li, no primeiro livro e até deixei passar, mas neste já não me caiu tão bem, tão de leve, esse facto. 
Como diria uma pessoa amiga, não sintonizo com vampiros que procriam.
Isto foi só um pormenor da história, agora avancemos:
Eu sei que a ideia era travar Gina e outros, que por sua vez pretendiam Bernardo e um herdeiro, mas estava à espera de mais acção (ninguém me manda estar a ler um livro e achar que tem que ter o que eu espero e não o que o autor deseja escrever), e por acção não me refiro a sexo que o houve, embora em menor escala que no primeiro.
Pareceu-me que Diogo e Lisa (vampiros, pais de Bernardo) acalmaram um pouco os calores, ou foi da acção não se prestar a isso, ou de não serem, neste livro, os leading characters e Diogo até conseguiu cativar-me mais do que no livro anterior, onde como tinha comentado o achei um pouco irritante e desinteressante.
Por outro lado, desapaixonei-me de Virgílio. Aquele carácter corajoso, sensato, poderoso, adorável que tinha como caçador de vampiros, perdeu-o, quando perdeu a sua humanidade. Acho, que digam o que disserem, a humanidade ainda é a luz que faz brilhar os personagens de qualquer tipo de história.
Apareceram personagens novos, alguns que me pareceram muito interessantes, mas com pouco desenvolvimento porque não eram importantes a esse ponto, outros que gostei de ver mas não me disseram nada e apesar de serem imensos personagens, conforme já reclamei, se, um deles de seu nome Frederico tivesse aparecido antes, teria muito pano para desenvolver pois me pareceu interessantíssimo. Mas, por certo iria abafar outros, mais importantes, para a acção.
Portanto, em minha opinião, deveria ter havido mais acção e sei a autora capaz disso, e menos conversa. Acho que houve alturas em que conversavam demais a expor sentimentos que não era preciso expor assim, porque a autora conseguiu muito bem, mostrar-nos o que eles sentiam, sem que eles o dissessem.
E, ainda, e para finalizar, gostaria que Diogo tivesse sido apresentado com mais andamento, em vez de Bernardo, porque eu sei que neste livro, Bernardo era o núcleo, mas eu não gostei de Bernardo. Era impetuoso demais, exagerado nas dúvidas e como dizia Diogo: tal pai, tal filho, mas com o mau do pai, do livro anterior.
Por esta altura, a autora já deveria estar a jurar-me pela pele porque estou a criticar os seus personagens. Eu sei que o estaria a fazer se me criticassem os personagens, mais ainda do que à escrita, porque conheço as minhas limitações, mas acho e saudavelmente, posso dizer, que o bom de podermos opinar acerca de um livro, com a sua autora, é podermos dar a nossa opinião sobre a história do livro, a razão que o fez existir, a vida que ele é e as vidas que nos mostra.
E como disse à autora quando lhe apresentei a critica em primeira mão, não será o ultimo livro de sua autoria que irei ler.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A leitura no meio do caos


Depois de publicada a opinião sobre o ultimo livro lido, achei que esta foto pertencia aqui descaradamente. 
O estado de uma livraria em Londres, depois de um bombardeamento, aquando da 2ª Guerra, em 1940.

No livro, não houve nenhuma livraria bombardeada, mas houve uma rua bombardeada, embora não tenha sido em Londres pelos alemães, mas numa cidade alemã, pelos aliados e o roubo de alguns livros ao longo da história.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A Menina que Roubava Livros


A primeira vez que dei de caras com este livro, tinha este título

Só depois de ser publicitado o filme, comecei a ver as capas com o outro título.

Quando a morte nos conta uma história temos todo o interesse em escutá-la. Assumindo o papel de narrador em "A Rapariga que Roubava Livros", vamos ao seu encontro na Alemanha, por ocasião da segunda guerra mundial, onde ela tem uma função muito activa na recolha de almas vítimas do conflito. E é por esta altura que se cruza pela segunda vez com Liesel, uma menina de nove anos de idade, entregue para adopção, que já tinha passado pelos olhos da morte no funeral do seu pequeno irmão. Foi aí que Liesel roubou o seu primeiro livro, o primeiro de muitos pelos quais se apaixonará e que a ajudarão a superar as dificuldades da vida, dando um sentido à sua existência. Quando o roubou, ainda não sabia ler, será com a ajuda do seu pai, um perfeito intérprete de acordeão que passará a saber percorrer o caminho das letras, exorcizando fantasmas do passado. Ao longo dos anos, Liesel continuará a dedicar-se à prática de roubar livros e a encontrar-se com a morte, que irá sempre utilizar um registo pouco sentimental embora humano e poético, atraindo a atenção de quem a lê para cada frase, cada sentido, cada palavra.
Um livro soberbo que prima pela originalidade e que nos devolve um outro olhar sobre os dias da guerra no coração da Alemanha e acima de tudo pelo amor à literatura.

Achei a ideia de ler um livro narrador pela morte interessante e quando comecei a ler, mais me interessou ao ver o papel que o narrador desempenha na história.
Bravo Markus Zuzak!

Desde há muito tempo que não lia um livro que me emocionasse à beira das lágrimas, porque nos deixamos levar pelo narrador (um narrador estranho de fato) e nos sentimos a viver as vidas dos personagens, como se estivéssemos lá, tal como o narrador que está, mas não está.

A escrita é sensacional. As frases empregues para explicar as situações são de mestre.

"Antes de eles seguirem para suas respectivas casas, a voz de Rudy aproximou-se e entregou a verdade a Liesel. Esta passou um tempo sentada no ombro da menina, mas, algumas ideias depois, chegou a seu ouvido."

"Um arranhão riscou um fósforo do lado de seu rosto, no ponto em que ela batera no chão."

Ficamos por dois exemplos apenas, ou teria que transcrever todo o livro.


Em algumas partes do livro, quase não nos apercebemos que o narrador tem uma parte muito activa na acção, e em outras damos por nós a saber o que ele sente.

"Por favor, acredite quando lhe digo que, naquele dia, peguei cada alma como se fosse um recém-nascido. Cheguei até a beijar alguns rostos exaustos, envenenados (...) observei suas visões de amor e os libertei de seu medo.
(...)Vez por outra, eu imaginava como seria tudo acima daquelas nuvens, sabendo, sem sombra de dúvida, que o Sol era louro e a atmosfera interminável era um gigantesco olho azul."


"Mas eles têm uma coisa que eu invejo. Que mais não seja, os humanos têm o bom senso de morrer."

Quando leio um livro que me agrada assim tanto, não costumo desejar ver o filme (com receio (ou a certeza) de ficar desapontada e aliás, se o vejo é só depois de ler o livro todo. Neste caso, até me interessa ver o filme, embora tenha a certeza que o papel do narrador vai desaparecer e terá que ser substituído por qualquer coisa muito boa que deve ser difícil alcançar.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Rascunhos de Memórias


Passeava eu pelos blogues que costumo visitar, quando me chamou a atenção uma publicação do blogue Viajar Pela Leitura. Era sobre um Book Journal - supostamente um caderno para se tomar notas sobre os livros que se estão a ler, dar opiniões, etc, etc

Lendo a publicação, depois de perceber que o Book Journal serve para muito pouco, dei por mim absolutamente envergonhada, atarantada e arrependida.

Eu, sim eu, que além de adorar ler desde que me conheço, adoro escrever desde a mesma altura e não tenho um único caderno com opiniões e notas sobre os livros que li!

Escrever as opiniões sobre os livros... e mantê-las em papel... o sonho de qualquer leitor que também gosta de escrever... e nunca tinha pensado em fazer isso... dahh! 

Quando leio um livro, mentalmente faço a critica e passo-a para o computador (desde que iniciei o meu blogue) e até chego a fazer rascunhos quando não sei bem como a apresentar com clareza, mas o papel onde rascunhei acaba por ir para o lixo e fica a critica apenas no PC. E isto para os livros que comentei desde que iniciei o blogue. Então e os outros?

Confesso que a ideia de anotar a critica em um caderno é muito tentadora e por vários motivos.

Apesar de todo o mundo digital e, tal como gosto de livros em papel, nada me tira o gosto de escrever à mão em uma folha. Anotar a opinião que mais tarde se vai publicar, ou não, guardar os cadernos e relê-los mais tarde e comparar com o que se passou depois para o PC, é delicioso. 

É quase tão bom quanto rascunhar a ideia de um conto, história ou livro (já várias vezes expliquei por aqui que não sei que designação dar às minhas escritas), criar as primeiras ideias e mesmo sem chegarem a ser uma obra completa, relê-las de tempos a tempos, sempre sem as destruir, até porque podem vir dar que falar... ou ler...

E mais, e absolutamente infantil e desproporcionado face à idade que já tenho, quando vejo alguns cadernos em lojas, fico a pensar se não terei como os utilizar, porque só me apetece comprá-los...



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Consciência e Liberdade 2013


Ora aqui está uma razão pela qual não costumo publicar a rubrica "Estou a ler... ou "Neste momento leio...", etc, etc.

É que no meio de uma leitura, por motivos diversos aparece sempre um livro que se intromete e me interrompe a leitura do momento.

Foi o caso deste

Na realidade é uma revista da Associação Internacional para a Defesa da Liberdade Religiosa

Caiu-me nas mãos por mero acaso, mas muito a propósito quando no dia 16 de Janeiro de 2014 por decisão do Presidente Obama se comemora o dia Internacional da Liberdade Religiosa.

Os capítulos (ou artigos) são de autores diversos e cada um apresenta o que lhe compete sobre o tema:
A islamização dos cristãos no oriente-árabe - Noel Georges
A história dos direitos do homem - Valentine Zuber
Liberdade Religiosa: fundamentos no ocidente e perspetivas internacionais - David Little
Etc
Etc

E chegamos ao editorial (que aliás como costume é o inicio do livro ou da revista) e que intitula-se "Os direitos humanos e a universalidade" e frisa a necessidade de "apesar da prática religiosa ser uma componente da vida contemporânea que não pode nem deve ser excluída da esfera de interesse das autoridades publicas, o Estado deve permanecer neutral e imparcial perante o exercício das várias religiões, fés e crenças..."

Isto tudo para eu colocar uma questão a quem gostar de desafios:

Quando uma nação que como os Estados Unidos "estabelece" um dia destes, tem noção da necessidade de neutralidade e marca encontros com o chefe da Igreja Católica (http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/renuncia-do-papa/obama-deseja-se-encontrar-com-papa-francisco-diz-porta-voz-da-casa-branca,bd8e5bfb2ec83410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html), não estará a pisar o risco que não deveria pisar?
Ou sou eu que tenho má vontade e estou a ver monstros debaixo da cama?
Ou melhor, estou a ver papas a ditar ordens apoiados por grandes nações, ou grandes nações a por em prática, ideias de papas...
E aí, nessa altura a Liberdade Religiosa será chão que deu uvas...



sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

TAG - Leitura Digital



Vá lá, só mais uma TAG.
Vou deixar de ler as TAGs que encontro, porque ultimamente só encontro das interessantes e depois tenho que lhes responder.

Esta, mais uma vez, encontrei AQUI

Avancemos, então:

1. Que suporte utlizas para ler os teus ebooks? Um e-reader, um tablet ou o pc?
Um e-reader. Tenho um kindle há uns dois anos
2. Quantos e-books já leste desde que te iniciaste na nova "moda digital"?
Uns vinte, mais ou menos
3. Qual é a língua predominante dos teus e-books?
Português.
4. Compras-os ou aproveitas promoções e livros gratuitos?
Compro, oferecem-me e aproveito os gratuitos
5. Aproveitas para ler clássicos ou novos autores?
Novos autores, embora tenho alguns clássicos carregados.
6.Tens e-books de livros físicos para que os possas ler em qualquer local sem ter de levar o livro atrás?
Tenho. Porque apesar de os ter em e-book (e alguns só tenho assim mesmo), gosto de os ter igualmente em papel.
7. Quantos e-books tens?
Assim, de repente, uma centena
8. Qual é o teu maior fornecedor de e-books?
Leya
9. Aderiste por completo à Leitura Digital ou ainda vives na Idade do Livro Físico?
A leitura digital é muito prática, mas nada me afasta do Livro Físico.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A Rapariga que Roubava Livros


Não costumo publicar nenhuma rubrica que seja - o livro que estou a ler - mas hoje apeteceu-me.
Estou a ler este, em e-book, mas acabei de concorrer a um passatempo em que o oferecem em papel, ao vencedor e eu queria ganhar. Eu e mais uns quantos concorrentes...



Quando a morte nos conta uma história temos todo o interesse em escutá-la. Assumindo o papel de narrador em A Rapariga Que Roubava Livros, vamos ao seu encontro na Alemanha, por ocasião da segunda guerra mundial, onde ela tem uma função muito activa na recolha de almas vítimas do conflito. E é por esta altura que se cruza pela segunda vez com Liesel, uma menina de nove anos de idade, entregue para adopção, que já tinha passado pelos olhos da morte no funeral do seu pequeno irmão. Foi aí que Liesel roubou o seu primeiro livro, o primeiro de muitos pelos quais se apaixonará e que a ajudarão a superar as dificuldades da vida, dando um sentido à sua existência. Quando o roubou, ainda não sabia ler, será com a ajuda do seu pai, um perfeito intérprete de acordeão que passará a saber percorrer o caminho das letras, exorcizando fantasmas do passado. Ao longo dos anos, Liesel continuará a dedicar-se à prática de roubar livros e a encontrar-se com a morte, que irá sempre utilizar um registo pouco sentimental embora humano e poético, atraindo a atenção de quem a lê para cada frase, cada sentido, cada palavra. Um livro soberbo que prima pela originalidade e que nos devolve um outro olhar sobre os dias da guerra no coração da Alemanha e acima de tudo pelo amor à literatura.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

TAG - Resoluções literárias para 2014

Acho bem iniciar um ano com uma TAG, já que terminei o anterior igualmente com uma TAG.

Esta TAG foi criada AQUI e eu encontrei-a em um BLOGUE que sigo.

1 - Um autor que nunca leste e queres ler
      Mia Couto

2 - Um livro que queres muito ler
      A verdade sobre o caso Harry Quebert de Joel Dicker

3 - Um clássico quer queres muito ler
     Dom Quixote de Miguel Cervantes (já está em casa à espera)

4 - Um livro que queres reler
      Estou um pouco indecisa, mas acho que quero re-re-reler o Historiador de Elisabeth Kostova (ainda             não me fartei)

5 - Um livro que tens há séculos e queres finalmente ler
      Se o tenho há séculos e nunca o li é porque, de fato, não me interessa e nunca o irei ler.  

6 - Um livro gigante que queres ter coragem para ler
      Não preciso de ganhar coragem para ler livros gigantes. Basta eles interessarem-me.
      Tenho um em casa que me ofereceram, nunca li e não quero ganhar coragem para ler embora conheça a       escrita e goste muito da autora: Colleen Mccullough - O Primeiro Homem de Roma (se alguém o                 quiser é só dizer e se tiver para troca, melhor)

7 - Um autor que já leste e queres voltar a ler
      Patrick Rothfuss, já que aguardo a continuação da saga de Kvothe

8 - Um livro que te ofereceram no Natal e que queres ler
      Nenhuma alma, caridosa, me ofereceu livros no Natal, por isso tenho que esperar...

9 - Uma série que queres ler do primeiro ao último livro
      Não é bom responder a isto, porque posso ter grandes expectativas quanto a um livro e sua série e               depois do segundo ou terceiro volume, começar a ficar farta de tanto igual...

10 - Uma série que já começaste e queres terminar
       Fica respondido com o ponto 7

11 - Quantos livros queres ler em 2014
        Se não conseguir melhor, pelo menos, um por mês - é uma quantidade sem jeito, em relação ao que             vejo por aí,

12 - Mais algum objetivo literário que queiras partilhar?
       Quanto a leituras, ler todos os livros que estão à espera na minha "mesa de apoio" e não contam para             os doze que, pelo menos, quero ler.
       Quanto a escritas, está na altura de escrever mais um conto, história, livro - depende do ponto de vista          de quem identifica as minhas "obras".