segunda-feira, 26 de julho de 2010

Mataram o Sidónio



Sinopse
O assassínio do Presidente da República Sidónio Pais, ocorrido em 1918, é um mistério. Apesar de a polícia ter prendido um suspeito, este nunca foi julgado. A tragédia ocorreu quando Lisboa estava a braços com a pneumónica, a mais mortífera epidemia que atravessou o séc. XX e, ainda, na ressaca da Primeira Guerra Mundial. A cidade estava exaurida de fome e sofrimento. É neste ambiente magoado e receoso que Sidónio Pais é assassinado na estação do Rossio em Dezembro de 1918.
Francisco Moita Flores constrói um romance de amor e morte. Fundamentado em documentos da época, reconstrói o homicídio do Presidente-Rei, utilizando as técnicas forenses e que, de certa forma, continuam a ser reproduzidas em séries televisivas de grande divulgação sobre as virtualidades da polícia científica.
Os resultados são inesperados e Mataram o Sidonio é um verdadeiro confronto com esse tempo e as verdades históricas que ao longo de décadas foram divulgadas, onde o leitor percorre os medos e as esperanças mais fascinantes dessa Lisboa republicana que despertava para a cidade que hoje vivemos. E sendo polémico, é terno, protagonizado por personagens que poucos escritores sabem criar. Considerado um dos mestres da técnica de diálogo, Moita Flores provoca no leitor as mais desencontradas emoções que vão da gargalhada hilariante ao intenso sofrimento. Um romance que vem da História. Uma história única para um belo romance.Mataram o Sidónio! de Francisco Moita Flores

Este é o segundo livro que leio de Moita Flores e voltei a gostar.
São factos históricos sobre as primeiras passadas da ciência forense e da policia de investigação criminal, apresentados em forma romanceada e muito bem conseguida.

Confesso que houve alturas em que me esqueci do problema principal que o livro nos apresenta e me diverti a sério, mau grado a situação séria que era retratada. Uma das personagens, Moreira Junior, chamado pelos colegas como o provocador do Governo, é autor de falas de morrer a rir, quando se decide a apresentar as suas opiniões profissionais, aos seus oponentes, atingindo-os de forma certeira e fulminando-os sem lhes dar hipótese de resposta, sempre de forma exageradamente irónica.

Aconselho. É uma boa leitura. Os esforços do médico Asdrubal de Aguiar não resolveram o caso da morte do Presidente Sidónio, mas também impediram que um presumível inocente, fosse julgado e condenado sem provas e abriram portas, à cada vez maior importância da investigação forense, na resolução de crimes.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Os Lusíadas em prosa - Parte II



Na minha procura da obra do post anterior, apareceu-me este livro e curiosa, comprei.
Confesso que me tinha despertado a curiosidade saber como iriam transformar em prosa, um poema tão especial e, comprei, mesmo sem ser o que procurava.

Não li na totalidade, acho que não vou ser capaz. Fiquei chocada!

Primeiro e como opinião geral: Qual é o interesse de "facilitar a vida" aos nossos estudantes e dar-lhes a conhecer um sucedâneo de uma das obras mais valiosas da nossa literatura?
Os Lusíadas são para ler em poema. Com as devidas métricas, palavras, expressões, tempos de escrita! São para tentarmos perceber o que cada canto nos quer dizer e para isso temos o professor para fazer-nos interessar pelo que estamos a ler!

"As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
..."
Podemos não gostar de poesia, mas atinge-nos!

"É minha intenção louvar os heróicos navegadores que, saídos de Portugal, seguiram por mares nunca dantes navegados, ultrapassando a fraca força humana e, assim, ultrapassaram a ilha de ceilão, antiga ilha de Taprobana, tão longinqua e dificil de atingir..."
E então,eu com isso? Como se costuma dizer por algo que não nos interessa.

Isto é alguma coisa?!

Isto é uma seca! Se acharam que os alunos não iam gostar de ler os Lusíadas como magnífica obra literária e poema que é, acham que eles vão gostar de ler isto? Eu não acho!
Posso estar errada, claro. Aceito sem problemas essa hipótese de erro, mas estão a destruir a ideia do poema. Do peso da obra. Dos comentários do meu tempo: Grande chatice, ler um poema sem sabermos o que lá diz... E ao fim e ao cabo, com a ajuda dos professores, ficávamos a saber o que lá dizia e nem era assim uma seca tão grande.
Vai ser mais interessante e pedagógico, passar a ouvir dizer: Os Lusíadas? Aquele livro escrito por um zarolho, sobre coisas antigas?

Este apontamento do "zarolho" deve-se à introdução do dito livro, onde Luís de Camões é apresentado na primeira pessoa, numa linguagem que eu classificaria de adequada ao 1º ano do ensino básico.

Os alunos devem ser incentivados, desafiados a procurarem mais, não facilitados com papa desfeita que fica em nada quando se vai comer.

E eu que sou absoluta fã do Plano Nacional de Leitura!

Nota final: Acham que os Lusíadas seriam o que são agora, se tivessem sido apenas uma história escrita em prosa?

Os Lusíadas em prosa - parte I



Para o 8º ano, o meu filho vai precisar de um exemplar desta obra.
Alguém tem para venda ou troca, mesmo usado? Não existe em Livraria nenhuma, um único exemplar disponível.

Agradeço desde já a vossa colaboração.