segunda-feira, 30 de março de 2015

Contagem Decrescente




Sinopse
31 de Dezembro. Passagem de ano.
Rodrigo Tavares, um proeminente detective da Polícia Judiciária, encontra-se em Almada para assistir ao espectáculo pirotécnico quando recebe um telefonema que muda a sua vida por completo, levando-o a perceber que tinha chegado o momento que tanto temera: a concretização de uma ameaça homicida proferida pelo assassino que mais lhe custara capturar no passado.
Rodrigo tem até dia 15 de Janeiro para deter o assassino, ou as consequências serão devastadoras. E não apenas para si.
Quando o detective observa a forma excruciante e desumana como a primeira vítima fora assassinada, percebe a importância e a seriedade do que está a acontecer, e é então que começa a corrida contra o tempo.
O que começa por ser uma caça ao homem transforma-se rapidamente em algo muito maior e aterrorizador. Ao mergulhar num mundo de trevas e muitas dúvidas, medo e desespero, Rodrigo receia o futuro como nunca antes o fizera.
E agora passando à critica propriamente dita, esclareço desde já que se a mesma raiar um spoiler ,lamento, mas nunca poderia criticar devidamente, deixando coisas por dizer.
Gostei da escrita, gostei muito mesmo. Fluída, clara, fresca, ao ponto de estarmos sempre dispostos a continuar a ler. E a acção, é a de um bom policial, sem confusões, mas com todas as complicações que um "bom" crime arrasta consigo. Houve descrições que eram prescindíveis (como por exemplo: que me interessa a mim que o kit de criminologia do Rui, tenha cinco pinças, seis rolos de fita, ou post its? Não liguem às quantidades, foi apenas um exemplo.
Acho que as cenas de Fábio e Óscar com as namoradas podiam ter tido menos assunto, e a dada altura até achei que as meninas estavam envolvidas nos crimes de Valter, de alguma forma, mas sou só eu que sou maquiavélica. E uma parte a favor de um autor, é levar-nos a pensar uma coisa e ela ser outra. Por isso, estás de parabéns Bruno Franco.
Voltando à escrita e à forma interessante como o autor descreve a sua acção, só tenho a lamentar que essa fluidez de escrita, volta não volta fosse interrompida por uma acção no passado que me irritou muito. Não gosto, não só neste livro, mas em qualquer bom livro, de ser interrompida na minha linha de leitura e raciocínio por uma acção no passado. Quanto a mim não precisava dessa explicação sobre a vida de Afonso, sobre o como chegou onde chegou e porque fez o que fez. Não quero saber, não me interessou nada e dei por mim a saltar linhas para chegar rapidamente ao presente. 
A minha sorte é que esta acção, teve poucos capítulos e tirando o primeiro que inicialmente me baralhou, sempre que lá chegava, já sabia onde estava e suspirava de enfado.
Quanto à acção principal em si, só notei um aspecto fraco na coisa. Atenção: spoiler - podem parar por aqui, saltar este parágrafo e ler apenas o próximo.
Eu jamais poria os policias apenas uma hora antes do prazo limite a guardar o exterior das portas, em especial depois de terem percebido a tipo de preparação que o segundo crime teve e, jamais me ficaria pelo exterior. Arranjaria forma de me infiltrar no interior do mosteiro e esperar o seu encerramento ao publico. Nem que escondesse algum deles dentro da pia de água benta, ou debaixo de um banco ou de um altar. Cada vez que lia as preparações, só me apetecia dizer: dahh!! estão armados em ingénuos, meus! Quando me apanhei nos últimos capítulos a ler o que li, pensei: este autor é daqueles que termina quase quinhentas e trinta páginas de acção, nas ultimas duas, ou é dos que deixa o assunto pendente? É dos que deixa o assunto pendente.
Quanto aos personagens, tenho muito pouco contra, a não ser sobre o nosso protagonista Rodrigo, um bom detective, profissional, com um carácter sério e de mauzão com bom coração, que apesar de ter tido um passado trágico, já devia ter estaleca suficiente para não se deixar abater tanto de cada vez que as coisas lho faziam lembrar. No segundo crime, ai que me lembra a morte da mana e vou desmoronar a chorar; na tentativa do terceiro, ai que o assassino é fulano e tal (isto sou eu a tentar não ser spoiler) e vou ficar aqui a pensar na morte da bezerra, ou melhor da mana, e deixo o gajo fugir. Acho que era mesmo aí, depois dos milésimos de segundo do espanto inicial que lhe saltava em cima e lhe acabava com o sopro. Claro que se assim fosse, se calhar não haveria terceiro livro...
Bem, já desabafei tudo e desabafei da forma que me soou melhor e concluo dizendo, se ainda não leram Bruno Franco, estão à espera de quê?
Não li o primeiro livro, mas tenho a certeza que com a prática e o valioso contributo dos críticos, o terceiro vai ser ainda melhor!