sexta-feira, 23 de maio de 2014

A Ameaça


Vésperas de Natal. Um poderoso agente antiviral desaparece misteriosamente das instalações da Oxenford Medical, uma empresa farmacêutica que está a desenvolver um antivírus para uma das mais perigosas variedades do Ébola. Quem o poderá ter roubado? E com que obscuras intenções? Toni Gallo, responsável pela segurança da empresa, está profundamente consciente da terrível ameaça que o seu desaparecimento pode significar. Mas o que Toni, Stanley Oxenford, o director da empresa, e a própria polícia vão encontrar pela frente é um pesadelo capaz de ultrapassar os seus piores receios…

É o primeiro livro que leio do autor e com tanto bem-dizer à sua volta, achei que o deveria fazer.
Vi uma série baseada em livros seus (Os Pilares da Terra) e não pude dizer que me cativasse. Mas, atentos, que uma série não é um livro e ficção histórica, não é o meu tema predilecto.

Portanto, quando soube do que tratava A Ameaça, não hesitei e li em uma semana, o que me parece um bom recorde para quem lê apenas um pedaço ao serão.

A escrita é muito fluente e não nos atrapalha com demasiados termos técnicos, apenas os suficientes e que são impostos pelo tema do livro. A acção decorre em um par de dias, sendo a ultima parte e a mais empolgante passada no serão da véspera de Natal.

Na altura do assalto ao laboratório, dei por mim a desejar que Kit conseguisse roubar o vírus sem que Toni Gallo chegasse a tempo de o deter, o que de fato aconteceu ou não teria graça. 
Nessa altura e a dada altura, dei por mim a questionar-me por que razão estava do lado de Kit, um filho mal portado que desejava vingar-se de um pai que não estava para lhe aturar as loucuras e ao mesmo tempo livrar-se de uma dívida de jogo que punha a sua vida em risco, em prol de uma funcionária do laboratório, ex-policia, que queria a todo custo manter a segurança da empresa depois de um desagradável episódio de roubo, anterior e menos perigoso. Percebi depois de ler mais uma ou duas páginas. Ao contrário do que a maior parte dos leitores (críticos) dizem, devo confessar que Toni Gallo não me cativou.

Achei-a desinteressante, apenas interessada no seu amor (não correspondido ??? até ver) pelo patrão, bastante mais velho e no querer fazer boa figura, e na sua luta desinteressante com um ex-companheiro policia armado em bom, ou mau.

Dos outros personagens, gostei de Miranda e de Craig. A primeira sem grandes heroísmos e o segundo com heroísmos de um jovem assustado, deram o seu contributo na resolução do assunto, concluído por Toni Gallo que airosamente mostrou que tinha sido uma boa policia se continuasse por essa via, e tinha que mostrar alguma coisita mais.

A conclusão demasiado melosa e em uma vertente mais erótica, não me disse nada e foi suficientemente curta para não aborrecer e ficarmos a saber o fim de todos os criminosos.

Houve um elemento de suavidade e quase hilariante na história, a cortar alguns dos momentos mais densos do livro, a mãe de Toni Gallo que está comodamente sentada à lareira, ao lado da árvore de Natal, a fazer festas a um cachorro que tem ao colo, enquanto ao seu redor se desenrolam lutas e tiros, em um alheamento que nos confirma o padecer de Alzheimer já dado a entender desde a sua primeira aparição no livro.

Acho que não vai ser o único Ken Follet que me vai passar pelos olhos.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

"Cartas"


O  meu exemplar já cá canta e como tal, visto que já está editado e distribuído, portanto sujeito a leituras, já posso partilhar a carta com que participei na colectânea.

Querido eu,
Faz tanto tempo que não te escrevo e hoje ao sentar-me debaixo daquela árvore onde gostava de passar horas a ler, lembrei-me de mim.
Lembrei-me das vezes em que iniciava um livro, convicta de que era o tal e a meio livro lido, o punha de lado, porque não estava a seguir o tema ou o contexto que eu esperava. Largava-o e de olhos fechados, embalada por uma brisa ou pelo calor do sol, imaginava como seria se eu o escrevesse à minha vontade.
E aí, nessa altura, já sabes, era um desenrolar de personagens que seguiam por caminhos que eu imaginava e lutavam contra todo o tipo de monstros, monstros esses que nunca o eram, pois já sabes o que penso de histórias de terror.
Pois é, querido eu, era normalmente uma história singela, com sentimentos simples e onde os personagens nunca tinham duvidas existenciais ou conflitos sentimentais. Por falar em conflitos sentimentais, lembras-te daquela história que comecei a escrever uma vez, em que os personagens se apaixonaram, do nada, e depois começaram a procurar razões para continuarem apaixonados e deitaram tudo a perder e acabaram por ficar sozinhos, no final?
É por isso que não gosto de livros de histórias de amor. O amor deveria ser simples, fácil e não cheio de intrigas e de más-línguas ou qualquer outro tipo de conflitos. Há tantos autores que escrevem livros inteiros sobre esse tipo de romances. No final das suas trezentas ou quatrocentas páginas, acabam felizes (?) ao lado um do outro, mas até lá chegarem… é sofrimento demais. Tanto, que não sei se a felicidade final é real.
A última vez que me lembrei de mim, querido eu, estava sentada em um lugar menos aprazível, à espera de receber uma notícia qualquer que agora não interessa, mas na altura iria como que resolver um degrau da minha vida, e sentia-me desanimada.
Não escrevia nada há tanto tempo, que de repente, tive receio que fosse ficar para sempre assim, sem imaginar histórias boas, sujeita a realidades menos agradáveis, como as daqueles livros que deixava a meio.
Achei que deveria fazer alguma coisa por mim, e então mal cheguei a casa, em um canto, onde ninguém me incomodasse, peguei em caneta e em papel, sempre gostei de escrever em cadernos, porque as folhas presas umas às outras, mantinham os fios da história colados e aproveitei a notícia que recebera antes e iniciei uma história. Galguei sentimentos, mundos, lugares, mas os meus personagens viveram além das dores que puderam sentir e não morreram, porque já sabes que não gosto de criar personagens para depois os matar. É por isso que apesar do sentimento que me toca quando inicio uma história, dou-lhe a volta, para que não sejam infelizes.
É por isso que gosto mais de me lembrar de mim, quando estou feliz e felizmente, faço por estar feliz muitas vezes, mesmo quando há qualquer coisa de uma história de amor atribulada, ou de uma história de terror na minha vida.
Temos que ser mais fortes, querido eu, mais felizes, para que as nossas histórias, possam dar alegria a quem as lê. Gosto de dar alegria a quem lê, mesmo que seja uma alegria passageira.
Não te esqueças que a felicidade, não é um estado adquirido, mas um conjunto de pequenas coisas que nos vão fazendo felizes.
Por isso, querido eu, qualquer momento é um bom momento para escrever, seja o que for, desde que seja feliz.
Sê feliz e até mais. E serão mais, porque com esta carta, decidi que vou escrever-me mais vezes.



segunda-feira, 5 de maio de 2014

"Cartas"


Em seguimento ao post anterior, um convite que estendo a todos quantos quiserem estar presentes.