quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Os Nossos Assassinos


Aqui há tempos, muitos tempos atrás se contarmos em meses, talvez chegue a um ano, ou mais... iniciei um novo conto, porque quem gosta de escrever, sabe que é muito difícil estar sem o fazer e os blogues não satisfazem essa necessidade.

A dada altura parei, porque como boa escritora que sou,cheguei a 260 páginas da coisa, sem saber que rumo lhe deveria dar, já que podia optar pelo sobrenatural ou pelo natural. Embora seja pano que dê para mangas, acho que já tive a minha dose de sobrenatural nos últimos contos, mas parei, na dúvida, ainda assim.

Por não ser manuscrito, não o pude abandonar em uma gaveta (que é sempre uma boa ideia para quando mais tarde os encontramos ou buscamos e os relemos), abandonei-o em um canto da memória do PC.

Não lhe tinha dado título, apenas dei um nome ao ficheiro para saber o que lá constava e na altura estava a pensar seriamente em usar o nome do ficheiro para o seu próprio título. A escolha de um título é para mim, das coisas mais difíceis de se concluir, porque é um importante cartão de visita.

Estes últimos dias, aos poucos, nos poucos tempos livres, fui buscá-lo. Fui relê-lo calmamente, com intenção de lhe fazer alguma coisa. Alterar dos pés à cabeça, por exemplo e terminar de vez.

Não sei se todos os escritores são assim, mas eu dedico-me a um personagem e é por esse personagem, seja ele bom ou mau, que escrevo as histórias, os contos, as tramas da acção. E neste caso, estava a usar vários personagens sem me ter dedicado a nenhum deles.

Gostava de quase todos, e no final não gostava em especial de nenhum.

Ia a meio da leitura quando decidi que os nomes iriam todos mudar. Os nomes de inicio não me soavam bem, não me diziam nada. Mantive um ou dois e alterei todos os outros. Conclui que os que mantive soavam-me bem porque eram de personagens com as quais até engraçava. Então, assim sendo, mantive os nomes que me soavam bem, alterei os que me diziam menos e prossegui na leitura.

A dada altura, importante no desenrolar dos acontecimentos, um dos personagens que quando apareceu foi com intenção de o tornar chato e desinteressante, revelou-se importante para o desenrolar da coisa e deu-me a ideia para o título. Juro que foi o personagem que me deu a ideia. Não fui eu que o fiz falar já com esse intuito... Ele falou porque dava jeito dizer o que disse para a acção e eu, mas só agora nesta leitura, aproveitei e agarrei as palavras dele, obtendo o titulo do conto.

E com esta dádiva do título, tenho que agradecer ao personagem de alguma forma e já sei a opção a tomar no estilo de acção.

Foi graças aos Imagine Dragons que fui rever o ficheiro, por causa dos seus Demons
....
I wanna hide the thruth
I wanna shelter you,
But with the beast inside
There's nowhere we can hide
...
When we feel my heat
Look into my eyes
It's where my demons hide
It's where my demons hide

Don't get too close
It's dark inside
It's where my demons hide
It's where my demons hide



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Fio de Sangue




Este segundo livro, sendo um seguimento do Acordar ao Entardecer vai ser-nos apresentado alguns meses depois, com o grupo que se reuniu para encontrar a autora (Gina) da morte de alguns dos personagens do primeiro livro, em plena caçada.
Na altura da leitura do primeiro livro, fiquei "arrasada" com a morte de uns quantos personagens no final do livro, mas agora percebi como a autora conseguiu matar os personagens quase todos. Já contava ressuscitá-los mais tarde. Porque se não foi com essa intenção, mais uma vez lhe dou os parabéns pela mestria dessa situação, no primeiro livro, porque se há coisa que me custaria era criar um personagem, acarinha-lo como fez e depois matá-lo. Não consigo. Nos meus livros, se mato algum personagem e são poucos os que morrem (a não ser os vilões que salvo raros casos, nem são identificados com nomes) tenho que o criar sem interesse para mim e com qualquer coisa detestável que só me faz, dessa forma, desejar acabar-lhe com a vida. 
Retomando este livro, que é para isso que aqui estou. Não gostei de os ver de volta. Preferia que fosse, de facto, a vingança mais profunda e crua, baseada na dor da perda que os fazia seguir na busca de Gina (culpada e autora da morte deles) não a outra vingança.
E com o renascer dos mortos, chegam personagens de que já não me recordava (isto sou eu que sou distraída) e há alturas da leitura em que me perco e já não sei quem é vampiro e quem é humano e só depois de mais algumas cenas os reconheço como sendo uns ou outros. Ainda bem que os personagens para um escritor, são como filhos, e o próprio não os esquece em caso algum. Quem ler e não entender que se aguente ou se concentre.
 A acção principal deste livro, a par com a caçada a Gina, é, a defesa de Bernardo (um do ex-mortos) e seu herdeiro (aparecido neste segundo livro) e chegamos a um ponto que gostaria de focar, não em critica à autora, mas como minha única opinião: Apesar de ler vários tipos de livros com vampiros como personagens e de os ter escrito eu própria, nem todos as histórias de vampiros são do meu gosto (é por isso que há gostos para tudo e para todos), e apesar (repetindo a palavra) de com vampiros e outras criaturas sobrenaturais, elas poderem atingir todos as características que o autor quiser, ainda me custa aceitar que procriem, se eles são criaturas sem vida.
Li, no primeiro livro e até deixei passar, mas neste já não me caiu tão bem, tão de leve, esse facto. 
Como diria uma pessoa amiga, não sintonizo com vampiros que procriam.
Isto foi só um pormenor da história, agora avancemos:
Eu sei que a ideia era travar Gina e outros, que por sua vez pretendiam Bernardo e um herdeiro, mas estava à espera de mais acção (ninguém me manda estar a ler um livro e achar que tem que ter o que eu espero e não o que o autor deseja escrever), e por acção não me refiro a sexo que o houve, embora em menor escala que no primeiro.
Pareceu-me que Diogo e Lisa (vampiros, pais de Bernardo) acalmaram um pouco os calores, ou foi da acção não se prestar a isso, ou de não serem, neste livro, os leading characters e Diogo até conseguiu cativar-me mais do que no livro anterior, onde como tinha comentado o achei um pouco irritante e desinteressante.
Por outro lado, desapaixonei-me de Virgílio. Aquele carácter corajoso, sensato, poderoso, adorável que tinha como caçador de vampiros, perdeu-o, quando perdeu a sua humanidade. Acho, que digam o que disserem, a humanidade ainda é a luz que faz brilhar os personagens de qualquer tipo de história.
Apareceram personagens novos, alguns que me pareceram muito interessantes, mas com pouco desenvolvimento porque não eram importantes a esse ponto, outros que gostei de ver mas não me disseram nada e apesar de serem imensos personagens, conforme já reclamei, se, um deles de seu nome Frederico tivesse aparecido antes, teria muito pano para desenvolver pois me pareceu interessantíssimo. Mas, por certo iria abafar outros, mais importantes, para a acção.
Portanto, em minha opinião, deveria ter havido mais acção e sei a autora capaz disso, e menos conversa. Acho que houve alturas em que conversavam demais a expor sentimentos que não era preciso expor assim, porque a autora conseguiu muito bem, mostrar-nos o que eles sentiam, sem que eles o dissessem.
E, ainda, e para finalizar, gostaria que Diogo tivesse sido apresentado com mais andamento, em vez de Bernardo, porque eu sei que neste livro, Bernardo era o núcleo, mas eu não gostei de Bernardo. Era impetuoso demais, exagerado nas dúvidas e como dizia Diogo: tal pai, tal filho, mas com o mau do pai, do livro anterior.
Por esta altura, a autora já deveria estar a jurar-me pela pele porque estou a criticar os seus personagens. Eu sei que o estaria a fazer se me criticassem os personagens, mais ainda do que à escrita, porque conheço as minhas limitações, mas acho e saudavelmente, posso dizer, que o bom de podermos opinar acerca de um livro, com a sua autora, é podermos dar a nossa opinião sobre a história do livro, a razão que o fez existir, a vida que ele é e as vidas que nos mostra.
E como disse à autora quando lhe apresentei a critica em primeira mão, não será o ultimo livro de sua autoria que irei ler.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A leitura no meio do caos


Depois de publicada a opinião sobre o ultimo livro lido, achei que esta foto pertencia aqui descaradamente. 
O estado de uma livraria em Londres, depois de um bombardeamento, aquando da 2ª Guerra, em 1940.

No livro, não houve nenhuma livraria bombardeada, mas houve uma rua bombardeada, embora não tenha sido em Londres pelos alemães, mas numa cidade alemã, pelos aliados e o roubo de alguns livros ao longo da história.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A Menina que Roubava Livros


A primeira vez que dei de caras com este livro, tinha este título

Só depois de ser publicitado o filme, comecei a ver as capas com o outro título.

Quando a morte nos conta uma história temos todo o interesse em escutá-la. Assumindo o papel de narrador em "A Rapariga que Roubava Livros", vamos ao seu encontro na Alemanha, por ocasião da segunda guerra mundial, onde ela tem uma função muito activa na recolha de almas vítimas do conflito. E é por esta altura que se cruza pela segunda vez com Liesel, uma menina de nove anos de idade, entregue para adopção, que já tinha passado pelos olhos da morte no funeral do seu pequeno irmão. Foi aí que Liesel roubou o seu primeiro livro, o primeiro de muitos pelos quais se apaixonará e que a ajudarão a superar as dificuldades da vida, dando um sentido à sua existência. Quando o roubou, ainda não sabia ler, será com a ajuda do seu pai, um perfeito intérprete de acordeão que passará a saber percorrer o caminho das letras, exorcizando fantasmas do passado. Ao longo dos anos, Liesel continuará a dedicar-se à prática de roubar livros e a encontrar-se com a morte, que irá sempre utilizar um registo pouco sentimental embora humano e poético, atraindo a atenção de quem a lê para cada frase, cada sentido, cada palavra.
Um livro soberbo que prima pela originalidade e que nos devolve um outro olhar sobre os dias da guerra no coração da Alemanha e acima de tudo pelo amor à literatura.

Achei a ideia de ler um livro narrador pela morte interessante e quando comecei a ler, mais me interessou ao ver o papel que o narrador desempenha na história.
Bravo Markus Zuzak!

Desde há muito tempo que não lia um livro que me emocionasse à beira das lágrimas, porque nos deixamos levar pelo narrador (um narrador estranho de fato) e nos sentimos a viver as vidas dos personagens, como se estivéssemos lá, tal como o narrador que está, mas não está.

A escrita é sensacional. As frases empregues para explicar as situações são de mestre.

"Antes de eles seguirem para suas respectivas casas, a voz de Rudy aproximou-se e entregou a verdade a Liesel. Esta passou um tempo sentada no ombro da menina, mas, algumas ideias depois, chegou a seu ouvido."

"Um arranhão riscou um fósforo do lado de seu rosto, no ponto em que ela batera no chão."

Ficamos por dois exemplos apenas, ou teria que transcrever todo o livro.


Em algumas partes do livro, quase não nos apercebemos que o narrador tem uma parte muito activa na acção, e em outras damos por nós a saber o que ele sente.

"Por favor, acredite quando lhe digo que, naquele dia, peguei cada alma como se fosse um recém-nascido. Cheguei até a beijar alguns rostos exaustos, envenenados (...) observei suas visões de amor e os libertei de seu medo.
(...)Vez por outra, eu imaginava como seria tudo acima daquelas nuvens, sabendo, sem sombra de dúvida, que o Sol era louro e a atmosfera interminável era um gigantesco olho azul."


"Mas eles têm uma coisa que eu invejo. Que mais não seja, os humanos têm o bom senso de morrer."

Quando leio um livro que me agrada assim tanto, não costumo desejar ver o filme (com receio (ou a certeza) de ficar desapontada e aliás, se o vejo é só depois de ler o livro todo. Neste caso, até me interessa ver o filme, embora tenha a certeza que o papel do narrador vai desaparecer e terá que ser substituído por qualquer coisa muito boa que deve ser difícil alcançar.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Rascunhos de Memórias


Passeava eu pelos blogues que costumo visitar, quando me chamou a atenção uma publicação do blogue Viajar Pela Leitura. Era sobre um Book Journal - supostamente um caderno para se tomar notas sobre os livros que se estão a ler, dar opiniões, etc, etc

Lendo a publicação, depois de perceber que o Book Journal serve para muito pouco, dei por mim absolutamente envergonhada, atarantada e arrependida.

Eu, sim eu, que além de adorar ler desde que me conheço, adoro escrever desde a mesma altura e não tenho um único caderno com opiniões e notas sobre os livros que li!

Escrever as opiniões sobre os livros... e mantê-las em papel... o sonho de qualquer leitor que também gosta de escrever... e nunca tinha pensado em fazer isso... dahh! 

Quando leio um livro, mentalmente faço a critica e passo-a para o computador (desde que iniciei o meu blogue) e até chego a fazer rascunhos quando não sei bem como a apresentar com clareza, mas o papel onde rascunhei acaba por ir para o lixo e fica a critica apenas no PC. E isto para os livros que comentei desde que iniciei o blogue. Então e os outros?

Confesso que a ideia de anotar a critica em um caderno é muito tentadora e por vários motivos.

Apesar de todo o mundo digital e, tal como gosto de livros em papel, nada me tira o gosto de escrever à mão em uma folha. Anotar a opinião que mais tarde se vai publicar, ou não, guardar os cadernos e relê-los mais tarde e comparar com o que se passou depois para o PC, é delicioso. 

É quase tão bom quanto rascunhar a ideia de um conto, história ou livro (já várias vezes expliquei por aqui que não sei que designação dar às minhas escritas), criar as primeiras ideias e mesmo sem chegarem a ser uma obra completa, relê-las de tempos a tempos, sempre sem as destruir, até porque podem vir dar que falar... ou ler...

E mais, e absolutamente infantil e desproporcionado face à idade que já tenho, quando vejo alguns cadernos em lojas, fico a pensar se não terei como os utilizar, porque só me apetece comprá-los...