terça-feira, 22 de março de 2016

No Coração da Floresta

Algumas coisas são impossíveis de deixar para trás... Um trailer abandonado, escondido no meio de uma reserva florestal, é o único lar de que Carey se lembra. Aos 15 anos, as árvores são as guardiãs de sua vida mal-afortunada e o único ponto positivo é sua irmã mais nova, Jenessa. que depende de Carey para sobreviver. Elas só têm uma a outra, considerando que a mãe das meninas, mentalmente instável, muitas vezes desaparece por dias sem fim. Até que um dia. após um sumiço mais longo do que o habitual, dois estranhos aparecem. De repente, as duas irmãs são tiradas da floresta e levadas a um mundo novo e surpreendente de roupas novas e à medida, aulas numa escola a sério, amigos e familia. Agora Carey precisa enfrentar a verdade escondida por trás do seu sequestro, dez anos antes, assombrada por um passado que não a deixa seguir em frente... Um passado sombrio e misterioso, em que jaz o motivo de Jenessa não falar uma palavra há mais de um ano. Carey sabe que precisa proteger a irmã, assim como seus segredos, de outra forma pode colocar em risco toda essa nova vida que criou para si.


Carey e Jenessa são resgatadas por uma assistente social e pelo pai de Carey e à medida que os dias passam, Carey começa a dar-se conta de que o que a mães lhes dizia sobre os maus tratos do pai, que a fez fugir com ela para a floresta, eram na verdade mentiras.

E à medida que vamos lendo, quase nos pomos no lugar de Carey pensando, não pode ser verdade, tanta coisa boa, tanta amor, tanto carinho, mas é. E quando nos damos conta de que o resgate de Carey e de sua irmã, é mesmo um sonho a concluir o pesadelo que foram as suas vidas na floresta, passamos a dar especial interesse ao segredo que as duas escondem - o que se passou na floresta fica na floresta - e quando Carey conta ao pai o que aconteceu, não é novidade para nós. Acabamos por querer que ela conte, apenas para ser uma libertação, porque há medida que avançamos no livro, damos-nos conta do que poderia ser o segredo.

E o segredo de Carey e a reacção do pai, apenas comprova que a sua nova vida é uma vida para durar e é real.

Não é um livro pretensioso, nem complexo. Tem um história simples, apesar da dor e do sofrimento manifestado pelas duas irmãs. É daqueles livros em que nem sequer há muita confusão e tudo corre bem. Pelo menos depois de tudo o que correu mal, enquanto estiveram na floresta escondidas pela mãe. Gostei da sua simplicidade, apesar de algumas situações quase impossíveis. Se não tivesse gostado, já estava a dizer mal de várias situações apresentadas, tais como, entre outras: como é possível uma menina que foi levada para a floresta com cinco anos de idade, ter noção da necessidade de limpeza, higiene, ter estudado sózinha e aprendido matérias que aos catorze anos a colocam em classes avançadas e ainda ter ensinado a irmã de cinco a ler e a escrever, quando - e aqui é que reside a dificuldade - quando tem uma mãe toxicodependente que tem como única preocupação o seu próprio vicio? Eu sei que as bases na infância são primordiais, mas... não chegam para tanto... ou será que chegam?
Mas, e aqui a minha opinião, um escritor escreve o que bem entende, como bem entende, para dar corpo a uma história de forma que ela saia à sua maneira. Quem gostar gosta, quem não gostar, paciência. E eu gostei!

Não vou insistir para lerem dizendo que é muito bom, mas se querem uma história que acaba bem e apesar de algumas pequenas confusões, até corre bem, podem ler. Não se irão arrepender por perderem umas horas.


quinta-feira, 17 de março de 2016

Não Contes a Ninguém

Bestseller internacional é um livro de leitura obrigatória para os grandes apreciadores do thriller. Não Contes a Ninguém, marca a estreia de Harlan Coben, na Colecção O Fio da Navalha. Reconhecido autor do género policial, Coben dá vida à história de David Beck, cuja mulher foi brutalmente assassinada num lago em Nova Iorque. Oito anos depois, perto desse mesmo lago, são descobertos dois corpos. E David começa a receber e-mails que pelo conteúdo só poderiam pertencer à sua mulher. Mas que deixam expressamente escrito - Não Contes a Ninguém! Intrigado, resolve investigar, envolvendo o leitor numa trama de suspense e inquietação da primeira à última página. Imperdível!

Eu gosto de ler. Por norma, qualquer tipo de livro me serve (desde que seja bem escrito e interessante, à exceção de um certo tipo de que já falei aqui várias vezes), mas há um estilo que me cativa mais: policiais.
E este livro tem tudo.

De inicio sabemos que Dr. Beck vive em sofrimento pela morte violenta da mulher oito anos atrás. Quando, logo no inicio recebe um estranho e anónimo e-mail que lhe dá a entender que afinal a mulher está viva,e esta informação chega também aos responsáveis pela sua morte, começa tudo. 

Enquanto tenta por todos os meios, descortinar se os e-mails são reais ou provas criadas para a policia o apanhar culpado de um crime de há oito anos, já que foram encontrados dois corpos no local do assassinato, tem que fugir dos criminosos que querem através dele chegar a Elisabeth, pois tiveram igual acesso aos e-mails.

Passamos o livro a correr com Beck, em fuga pela sua vida e pela vida de Elisabeth que deseja seja real, mesmo ainda sem saber, mas não nos fartamos.

A escrita é fluída tal como a acção e em momento nenhum pensamos que estamos atolados em palavras que não nos levam a lado nenhum e lemos capitulo após capitulo, desejando chegar ao próximo.

Neste livro, tal como em muitos outros, encontramos um policia ativo e empenhado que a dada altura desconfia que as provas que fazem com que Beck seja o primeiro suspeito, são demasiado bem apresentadas. Confesso, que tenho um fraquinho por policias que chegam a estas decisões - é sempre reconfortante saber que podemos ainda, confirmar que certos agentes da lei, se preocupam mesmo, com a verdade.

E chegamos ao final. As revelações são quase as esperadas. E digo quase, porque mesmo, mesmo no final dão algumas reviravoltas.


Se gostam do género aconselho. É muito bom de se ler.

terça-feira, 1 de março de 2016

O Físico





No século XI, Rob Cole abandona com apenas onze anos a pobre e doente cidade de Londres para vaguear pela Inglaterra. Durante as suas deambulações, fazendo malabarismos e vendendo curas para os doentes, vai descobrindo a dimensão mística da sanação. E é através dessa peregrinação que descobre o seu verdadeiro dom, que o levará a converter-se em médico num mundo violento, cheio de superstições e preconceitos.
Tão forte é o seu sonho que decide empreender uma insólita e perigosa viagem à Pérsia, onde estudara na prestigiada escola de Avicena. Aí dar-se-á uma transformação que modificará para sempre a sua história e o seu destino…


Tive este livro em casa, bastante tempo sem ler. Quando olhava para ele, duvidava do interesse a tal ponto que o emprestei sem me preocupar muito com o seu retorno que ainda não aconteceu,

Por mera causalidade consegui uma versão digital e guardei-o mais algum tempo no kindle sem me apressar a ler, até que há duas semanas atrás, na procura de um livro para ler, me voltei a encontrar com ele. E comecei!

E comecei tarde, devo dizer já.
É um livro magnifico. Uma história que se arrasta por uma vida inteira, desde a saíde de Robert Cole de Londres com onze anos, até ao seu regresso, desta vez à Escócia, com mulher e filhos e mais alguns anos de vida familiar.

Sempre me afligiu e invejou, a falta de conformismo que levava as pessoas (ainda leva) a largarem tudo para sofrerem horrores com viagens por terras desconhecidas para conseguirem alcançar os seus sonhos. Mas vistas as coisas, naquela altura, que perdia Robert? A vida que tinha em Londres, não era nenhuma. Era um orfão, sujeito a uma vida desgraçada, se não à morte!

E conseguindo alcançar o objetivo que o levou até à Pérsia não se ficou pelo que aprendeu, estando sempre insatisfeito e desejoso de saber mais, mesmo correndo risco de vida, num país onde qualquer quebra de leis era punida com a mais violenta morte.

Apesar de todos os anos que "vivemos" da vida de Robert Cole, a leitura deste livro faz-se num ápice, desejando ler e ler e ler, para sabermos como chegará ele ao fim, do livro, porque este termina com ele a viver plenamente e a exercer a sua vocação.

Se ainda não leram, nem sequer ouviram falar, leiam, Não percam o tempo que eu perdi, porque vale mesmo a pena.
Consta no final nos agradecimentos que desde livro apenas duas personagens se basearam em figuras que realmente existiram, mas acredito que algures no mundo, naquela época e noutras, houve um Robert Cole.