segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Caixa de Pássaros


Romance de estreia de Josh Malerman, “Caixa de Pássaros” é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler.
Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão

Quando iniciamos a leitura, já se desencadearam todos os acontecimentos que levaram a que Malorie e as crianças ficassem sozinhas, a lutar pela vida num mundo onde um simples olhar para o exterior pode matar.

Os personagens passam a maior parte do livro vendados, porque olhar era matar e morrer! Mas nem por isso deixamos de imaginar, mais ainda do que o narrador nos diz que eles imaginavam. Os sons conhecidos podem alertar ou assustar e os desconhecidos aterrorizam. E passamos o livro que é a lembrança de Malorie, do que se passou nos cinco anos antes da sua viagem com as crianças, vendadas, pelo rio, para um porto seguro, a viver aflitos com os personagens.

A querer e não conseguir encontrar respostas a tantas perguntas que fazemos, apenas aflitos com a aflição de Malorie, desejando que ela chegue ao destino, esperando que o destino seja de facto seguro.

O final do livro, não dás quaisquer respostas ou explicações sobre o porquê e o como do que aconteceu, nem sobre quem são as ditas criaturas que se acreditava serem assustadoras e cujas dimensões iam além da compreensão humana e as responsáveis pela loucura que tomava as pessoas e damos-nos conta de que o recheio do livro são as emoções humanas e as suas atitudes em casos deste género.

Para alguns o final do livro é a abertura para outro livro, mas acho que não há sequência que resulte depois deste livro. Tudo sairia desconsolado, depois de tantas emoções narradas neste. Nem é o final esperado, mas também não consigo imaginar outro.



quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Não se Esqueça de Paris




Tudo começa com uma carta.
Eve Pethwork é uma inglesa insegura e um tanto ansiosa que está assoberbada com os preparativos para o casamento da filha. Eve tem mais de quarenta anos e vive enclausurada em sua casa, pois espaços públicos lhe provocam angústia e a interação com outras pessoas é difícil para ela. 
Jackson Cooper é um escritor bem-sucedido que vive nos Estados Unidos. Apesar de estar sempre rodeado por pessoas, especialmente mulheres, vive em eterna crise amorosa. Enquanto tenta colocar seu relacionamento com a nova namorada nos trilhos, Jackson vive o maior bloqueio criativo de sua carreira. Sem rumo para o novo livro, começa a questionar suas escolhas e suas expectativas para o futuro.
Vencendo sua própria timidez, Eve decide escrever uma carta para Jackson, seu autor preferido, elogiando uma cena narrada em um de seus livros. Embora esteja acostumado com o assédio das fãs, ele é atraído pelas palavras de Eve e decide responder sua mensagem. A partir daí uma troca de mensagens surge entre eles.
A criatividade que falta a Jackson nas páginas em branco acaba sendo canalizada para a cozinha, onde passa horas preparando os mais diferentes pratos. Porém, para sua frustração, sua namorada é vegetariana e ele quase sempre é obrigado a degustar suas criações sozinho. Só que ele logo descobre que a culinária também é uma das paixões de Eve e o amor pela boa-mesa estreita ainda mais os laços entre os dois.
Apesar da distância e de não terem aparentemente nada em comum, a curiosidade fala mais alto e Jackson decide marcar um encontro com Eve. Como vivem em continentes diferentes, ele propõe como cenário a cidade de Paris, a Meca da gastronomia – e dos amantes. Eve é então colocada em xeque, sendo desafiada a vencer todos os seus medos em nome daquilo que pode ser a história de amor com a qual sempre sonhou.
Não se esqueça de Paris mostra que todos têm uma chance de ser feliz, independente da idade, da distância e dos próprios fantasmas. Considerado “Absolutamente perfeito”, pelo The New York Times e com os direitos para o cinema vendidos para a BBC, Não se esqueça de Paris mistura cartas, gastronomia e uma narrativa leve e repleta de sentimentos. Uma receita sedutora.


E poderia ficar por aqui,  porque esta sinopse diz tudo, ou pelo menos quase tudo.

Pela capa que achei maravilhosa e pelo título, decidi-me a ler a sinopse, pois há livros que só por estes dois factores me travam, e aí pensei, olha, mais um romance daqueles em que os protagonistas se escrevem, e um dia mais tarde, muito mais tarde encontram-se e são perfeitos um para o outro e ficam felizes para sempre, como há tantos filmes do género e este deu um filme ou vai dar. 

Mas ainda assim e apesar de, já várias vezes disse, não gostar de livros em que a história de amor é o assunto principal, comecei a ler. E não me arrependi. O amor não é o prato principal, o amor é apenas um condimento, e nem é o mais importante, neste livro, em que a troca de correspondência entre os dois é o prato mais forte. Trocam receitas, trocam opiniões e a dada altura até desabafam sentimentos não de um pelo outro, mas da vida de cada um e o livro torna-se agradável de ler e até saboroso, se considerarmos que a troca de informações culinárias é magnifica, entre dois estranhos.
E o encontro delineado desde quase o inicio da troca de cartas é marcado e aí eu voltei a pensar, lá vão eles estragar tudo e encontrar-se. Não, não estragaram tudo, de forma nenhuma.

A conclusão é curta, imprevisível (ou não) e deliciosa e confirma porque o livro não sendo magnifico dentro da literatura, é um muito agradável de ler, dentro do género.

Curiosidade: No final do livro, são-nos facultadas algumas das receitas que foram trocadas entre os dois.