quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Enquanto Salazar Dormia

Sinopse
Lisboa, 1941. Um oásis de tranquilidade numa Europa fustigada pelos horrores da II Guerra Mundial. Os refugiados chegam aos milhares e Lisboa enche-se de milionários e actrizes, judeus e espiões. Portugal torna-se palco de uma guerra secreta que Salazar permite, mas vigia à distância.
Jack Gil Mascarenhas, um espião luso-britânico, tem por missão desmantelar as redes de espionagem nazis que actuavam por todo o país, do Estoril ao cabo de São Vicente, de Alfama à Ericeira. Estas são as suas memórias, contadas 50 anos mais tarde. Recorda os tempos que viveu numa Lisboa cheia de sol, de luz, de sombras e de amores. Jack Gil relembra as mulheres que amou; o sumptuoso ambiente que se vivia no Hotel Aviz, onde espiões se cruzavam com embaixadores e reis; os sinistros membros da polícia política de Salazar ou mesmo os taxistas da cidade. Um mundo secreto e oculto, onde as coisas aconteciam "enquanto Salazar dormia", como dizia ironicamente Michael, o grande amigo de Jack, também ele um espião do MI6. Num país dividido, os homens tornam-se mais duros e as mulheres mais disponíveis. Fervem intrigas e boatos, numa guerra suja e sofisticada, que transforma Portugal e os que aqui viveram nos anos 40.

Já li. Não é o tipo de leitura minha predilecta, mas gosto de ir lendo coisas diferentes de quando em quando.
Não achei horroroso porque se lê bem, mas a história não é nada de extraordinário e não aprendi nada.
Não é bem o não aprender nada, é mais o não tirei elacções nenhumas porque o autor faz o favor de nos contar tudo.

Eu gosto de ler um livro, este ou outro, passado em determinada época, que me conte uma história, policial, de espionagem, de amor, o que seja e que, seja ela verosimil ou 100% ficticia, eu tire as minhas próprias conclusões da vida que se vivia nessa altura, das coisas que eram feitas, de como eram feitas. Não preciso que o autor me explique em cada acto, fazia-se assim na época tal, comia-se assim no hotel tal, as pessoas vestiam isto e aquilo e o outro.
Não precisava resumir (ou não) tudo o que pesquisou. Bastava contar a história e eu haveria de chegar a alguma conclusão.

Mas pronto, esse é um aspecto e quem sou eu para criticar a forma como cada autor escreve. Estou só a dar a minha opinião.

E a história até se lê bem. Sem sobressaltos. Se gostam do tipo de escrita podem ler que não perdem nada e até ficam com a vossa própria ideia sobre o livro e sobre o autor.

Houve mais duas coisas que gostaria de chamar a atenção, que não me animaram por aí além.

Cheguei a uma altura do livro em que já não podia ver o termo que dá o nome ao livro: Enquanto Salazar Dormia. Em cada capítulo tudo acontece enquanto Salazar dorme. Tudo bem, era espionagem, eram acções que não deveriam chegar aos ouvidos de Salazar, eram casos amorosos que não interessavam homem nem à politica, mas francamente foi um pouqinho demais, estar continuamente a ouvir os personagens e o próprio autor (uma das personagens, já que a narração é feita em jeito de lembrança de uma das personagens) estar sempre a dizer a mesma coisa.
Ficavam melhor se o termo só existisse no titulo. Qualquer pessoa que lesse, entenderia o porquê.

E para terminar.
Terminando o livro ficamos a achar que o personagen Jack Gil era um galã. Três casos de amor, divididos pelas três partes de que o livro é composto, sem contar com os intermeios entre cada um deles, querem dar-nos a entender que as mulheres "se passavam" quando o conheciam, exceto a suposta noiva que nunca o apoiou nas suas ideias e o trocou por outro, com quem nunca casou acabando por falecer vitima dos seus achaques de donzela adoentada.
Acabamos por concluir que afinal elas não caiam só por ele, elas caíam por qualquer um que se lhes atravessasse no caminho e ele era mais um que lá estava.
Talvez a ultima nem por isso. Talvez só "se tivesse passado" por ele... e para nos calar de vez a boca maldizente e para concluir que era mesmo paixão que elas tinham por ele, temos o exemplo da personagem com quem ele no final se casa... e mais não digo ou perde a graça.

Mas insisto, leiam, passem uns bons momentos e tirem as vossas próprias conclusões.