segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Nome do Vento


Da infância como membro de uma família unida de nómadas Edema Ruh até à provação dos primeiros dias como aluno de magia numa universidade prestigiada, o humilde estalajadeiro Kvothe relata a história de como um rapaz desfavorecido pelo destino se torna um herói, um bardo, um mago e uma lenda. O primeiro romance de Rothfuss lança uma trilogia relatando não apenas a história da Humanidade, mas também a história de um mundo ameaçado por um mal cuja existência nega de forma desesperada. O autor explora o desenvolvimento de uma personalidade enquanto examina a relação entre a lenda e a sua verdade, a verdade que reside no coração das histórias. Contada de forma elegante e enriquecida com vislumbres de histórias futuras, esta "autobiografia" de um herói rica em detalhes é altamente recomendada para bibliotecas de qualquer tamanho.

Depois de tantas palavras em 966 páginas, fiquei sem palavras para dizer muita coisa. Há tanto para dizer e tão pouco que seja suficiente.
Leiam, é o que vos digo. Apesar do tamanho e do tema, é uma história tão pouco pretensiosa que se lê lindamente e no final... se fica com água na boca, à espera do segundo dia de narração e do terceiro...
Um pequeno aparte ácerca das personagens. São fraquitas todas as que rodeiam Kvothe, mas com um personagem destes, quem precisa de outros? E eu sei o que é quando se cria uma história em redor de um personagem... não são precisas mais, todas as outras são acessórios. À excepção do discipulo de Kvothe, Bast, ou melhor Basta filho de um principe de demónios. Tem o seu quê de interessante e irei gostar de saber mais sobre ele nos proximos livros.

Para ser realista na crítica deveria dizer mais algumas palavras, até porque não há livros perfeitos (ou será que sim?). Li uma crítica na revista "Os Meus Livros" e achei que era perfeita.
Transcrevo:
"Mitos e homens
Prós - Uma ambiciosa fantasia épica, escrita com inteligência e que sabe jogar de forma satisfatória com os elementos do género.
Contras - Algumas quebras no ritmo e na coerência dos personagens: alguns pontos da trama são demasiado dejá vu.
É tão fácil o autor esquecer-se do plot. Da simples e fundamental importância da trama que vai servir de fio condutor para a evolução de personagens confrontadas com a adversidade. Rothfuss não corre esse risco, o que seria normal num volume de quase mil páginas, que cedo descobrimos não ir além do primeiro dia da narrativa de Kvothe a um cronista. E não o corre porque a trama - a história, o plot - estão constantemente no centro da atenção do autor.
O nome do vento é o nome do jogo e esse jogo é a verdade; a verdade que se esconde por detrás do mito de Kvothe, que nesta primeira etapa da sua jornada conhecemos sob o nome de Kote, um jovem de talentos inusitados que acompanha uma trupe de actores e que o leitor acompanha até à universidade, vivendo com ele as agruras dignas de Dickens que lhe hão-de moldar a personalidade.
Mas a história não fica por aqui.
Nunca fica, quando se trata de fantasia épica escrita com um mínimo de inteligência: somem-lhe uma misteriosa raça de demónios, que não são o que parecem ser, magia e realismo em doses iguais e um quase perdido prazer de contar uma história dentro de uma história, dentro de uma história, e ainda assim ficarão aquém do todo que em muito ultrapassa as partes. Onde Rothfuss tropeça é no ritmo narrativo. É certo que a narração é feita (em parte) pelo personagem principal com tudo de pessoal que essa opção autoral implica, mas é impossível não reter a sensação de que o narrador se foca por vezes demasiado no acessório esquecendo o essencial. E o essencial é o que Kvothe diz a certo passo: que entre a demanda e o momento do triunfo do herói, se encontram anos de luto, dor e solidão.
João Seixas, Criticas: ler, reler & classicar, Os Meus Livros, nr.81,Novembro 2009"

1 comentário:

Jojo disse...

Olá!
Este é sem dúvida, um dos melhores livros que eu li. Kvothe é uma personagem fantástica e mal posso esperar pelo segundo volume para matar a minha curiosidade.

Bjinhos*