quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Afinal voltei para desabafar de mim para mim



Aqui há uns meses (apercebo-me agora que há muitos meses) publiquei um post sobre um conto que tinha iniciado há quase um ano, já naquela altura tempo demais para estar parado e que me tinha travado a dada altura.

Passado todo aquele tempo, fiz uma leitura geral, fiz algumas alterações que me animaram e pareceu-me que estava pronta para seguir com a escrita.

Mentira! Não estava, nem estou.

Ontem propus-me ler as ultimas folhas porque tudo o que é anterior já sei de cor e salteado, e fiquei na mesma. Gosto da ideia, gosto do assunto, mas não consigo animar-me a dar-lhe continuidade e já descobri porquê.

Sempre tive a ideia e disse várias vezes que o que me leva a escrever um conto, são as personagens. É a vontade de colocar as personagens em determinadas situações. Portanto, preciso de criar uma personagem que até pode nascer motivada por alguma coisa que aconteceu ou que imaginei, mas tenho que a apaparicar, namorar, como se fosse gente. 

Resumindo, preciso apaixonar-me por uma personagem para a poder por em acção e infelizmente, neste caso, neste conto, não há uma única que me tenha despertado essa paixão.

Todos os contos que escrevi, apesar de todas as histórias terem um personagem principal por norma, têm um personagem que criei ou adaptei por paixão. Essa personagem é o centro da coisa. É por ela que o conto se faz, é por ela que vemos a acção e é em redor dela que vivemos.

Passo a exemplificar. Entre outros, porque isto quem escreve, escreve muito. Ou não. Eu escrevo muito.

Os Olhos da Morte - Narra a viagem de investigação de um grupo, onde duas personagens são mais fortes que as outras e no entanto, é uma terceira personagem (secundária supostamente) que é a que me fez escrever o conto.

Por Uma Questão de Liberdade - Tem uma personagem principal de inicio e vai, ao longo do conto, discretamente, dando lugar a outra personagem que apesar de não lhe cortar o protagonismo, para mim é a mais importante, pelas lutas, pelas tomadas de decisão e as responsabilidades.

Trilogia "No Mais Profundo dos Sentidos" que é composto de três contos (Sangue do Meu Sangue, Entranhado na Pele, De Olhos em Ti) que podem ser lidos em sequência ou separados tem as ultimas personagens por quem me apaixonei. Adaptei uns quantos personagens que achei interessantes do jogo de consola "Final Fantasy" e transformei-os em "gente".
Em gente que me cativasse. Vesti-lhes a pele, fi-los reagir como eu reagiria em certas situações e fui vivendo com eles ao longo dos três contos. E, embora não volte a "vivê-los" porque três contos de fantasia com vampiros e afins, chegam para experiência, não me canso de os ler quando estou em intervalo de outras leituras e fico com pena de me despedir quando chego ao fim do terceiro conto,

É isto que eu gosto de sentir quando escrevo ou quando leio o que escrevo (ou o que outros escrevem) e neste caso, neste conto em especial, não sinto nada disto.

Acho que me vou dar tempo e vou respirar fundo. Daqui a uns tempos vou aproveitar as quase trezentas páginas que já escrevi, dar-lhes uma volta tal que ou transformo um dos personagens em um que me cative, ou se isso for impossível, vou abandoná-los de vez, a todos! Não lhes perdoo nem me perdoo a mim.





1 comentário:

José Marcos Serra disse...

Nunca foi fácil para mim a autoanálise.
Melhor dito: é fácil para mim se não tiver de a expor a outros.
Felicito-a pela coragem.