Por muito que se leia ou que se escreva fica sempre um espaço em branco... para podermos continuar...
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Quando a inspiração vem em forma de outono...
Acho que há tempos, muitos, escrevi aqui que a inspiração para os meus contos (que não me atrevo a chamar livros ao que escrevo), vem de um personagem, de um estado de espírito ou de uma situação, pontuais.
Mas, com a chegada do Outono que nos bate à porta, dou-me conta que a minha inspiração vem em forma de estação do ano.
Os dias mais curtos e os fins de tarde frescos, que neste fim de semana, se apresentaram cinzentos e chuvosos em alguns períodos de tempo, deu-me que pensar.
Era capaz de iniciar um novo conto, pensando em dias deste tipo, tão somente soubesse o que iria escrever quando esse dia passasse.
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
O Tempo Entre Costuras
«O Tempo entre Costuras» é a história de Sira Quiroga, uma jovem modista empurrada pelo destino para um arriscado compromisso; sem aviso, os pespontos e alinhavos do seu ofício convertem-se na fachada para missões obscuras que a enleiam num mundo de glamour e paixões, riqueza e miséria mas também de vitórias e derrotas, de conspirações históricas e políticas, de espias.
Um romance de ritmo imparável, costurado de encontros e desencontros, que nos transporta, em descrições fiéis, pelos cenários de uma Madrid pró-Alemanha, dos enclaves de Tânger e Tetuán e de uma Lisboa cosmopolita repleta de oportunistas e refugiados sem rumo.
Quando em 2009, este livro foi lançado e andou falado pelos meios informativos ao nosso alcance, pensei que era um livro que queria ler.
Mas porque não o comprei logo, porque não tive quem o emprestasse e porque meti outros à frente, fui perdendo aquele interesse inicial.
Andou sempre pelas minhas wish lists de leitura, mas por algum motivo, havia sempre algum que se metia pela frente.
Que desperdício!!
Tantos anos para pegar neste livro e ler!
É do melhor que ultimamente li. Um romance de amor e traições (nem todas de amor) uma pequena enciclopédia sobre o estado do mundo e de Espanha antes e durante a guerra civil e a II Grande Guerra e um vaivém de espiões e agentes secretos. Tudo apresentado de uma forma tão interessante que não nos dá o aborrecimento de livros de história, nem a moleza de romances de amor e o amor está lá. E é assim que eu gosto de o ler, fazendo parte da narração, sem sem a parte principal!
A narrativa é tão viva que não querendo comparar um livro com um filme, faz-nos recordar aqueles bons filmes de espiões e agentes secretos em que nos sentimos parte integrante da história que apresenta. E com este livro, acontece isso, estamos lá. Não contribuímos para nada, mas estamos lá, na acção, na primeira fila.
O tipo de escrita é leve, fluido, apelativo e quando temos que por o livro de parte, para outros afazeres, ficamos desejando recuperá-lo para continuar a ler. E isto, meus amigos, é o supra sumo da leitura! É assim que um livro nos deve fazer sentir.
Não vou falar dos personagens, porque não tenha nada a dizer, está tudo dito no livro! Por isso, leiam se ainda não leram. Não percam o tempo que eu perdi e se só agora ouviram falar, aproveitem!
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
O Jardim de Ossos
Boston, 1830. Para pagar seus estudos, Norris Marshall, um estudante de medicina talentoso, mas sem recursos financeiros, integra as fileiras dos “ressurreicionistas” — saqueadores de tumbas que negociam cadáveres no mercado negro. Contudo, até mesmo esse mórbido comércio parece insignificante diante do corpo mutilado de uma enfermeira encontrado no terreno do hospital universitário. Quando um médico conceituado sofre o mesmo destino, Norris descobre que seu ganha-pão ilícito o transformou no principal suspeito dos crimes.
Para provar sua inocência, o estudante precisa encontrar a única testemunha que viu o assassino: Rose Connolly, uma bela costureira dos cortiços de Boston. Ao lado do sarcástico e inteligente jovem Oliver Wendell Holmes, Norris e Rose vasculham a cidade em busca de um maníaco que aguarda a próxima oportunidade para matar.
Para provar sua inocência, o estudante precisa encontrar a única testemunha que viu o assassino: Rose Connolly, uma bela costureira dos cortiços de Boston. Ao lado do sarcástico e inteligente jovem Oliver Wendell Holmes, Norris e Rose vasculham a cidade em busca de um maníaco que aguarda a próxima oportunidade para matar.
Massachusetts, dias atuais. Julia Hamill fez uma descoberta terrível em sua nova casa no interior: um crânio enterrado no jardim. Humano, feminino e, de acordo com a patologista Maura Isle, com traços inconfundíveis de um homicídio. Quem quer que tenha sido ou o que tenha acontecido com aquela mulher, é algo perdido no passado.
Com suspense incansável e uma perfeita reconstituição de época, O jardim de ossos intercala habilmente a história de protagonistas dos séculos XIX e XXI, desvendando os mistérios obscuros através do tempo e do espaço. Forte, sangrento e brilhante, confirma o talento primoroso de Tess Gerritsen.
Com suspense incansável e uma perfeita reconstituição de época, O jardim de ossos intercala habilmente a história de protagonistas dos séculos XIX e XXI, desvendando os mistérios obscuros através do tempo e do espaço. Forte, sangrento e brilhante, confirma o talento primoroso de Tess Gerritsen.
E parece de propósito, mas foi por mero acaso, acabei a ler e de ler, mais um livro onde o passado e presente se misturam e nos são dados vislumbres de um e de outro. A única diferença, com o livro anterior, é que o presente são apenas vislumbres para nos aguçar a curiosidade, já que a verdadeira história é toda do passado.
À medida que Julia e Henry deambulam por entre cartas antigas e recortes de jornais, vão tomando conhecimento de uma história do século XIX, e a mesma é-nos apresentada, como se fosse e sendo a parte principal do livro. Concluo que o presente é apenas para se tornar interessante e para dar um quinhão de maravilhoso ao final com uma descoberta curiosa, porque a história de Norris, Rose e do Estripador era suficiente para o livro todo.
Perdeu-se um pouco, em certas alturas, porque pelo formato e-book, alguns parágrafos não estavam devidamente separados, mas depois de ler uma linha, ficávamos integrados na narração.
Se gostam de Tess Gerritsen e não conhecem este livro, aconselho a sua leitura, apesar de algumas cenas mais duras. Se não conhecem é um bom livro para começar.
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Prisioneiros do Inverno
Muitos acreditam que a pequena cidade de West Hall seja mal-assombrada. Ao longo de sua história, vários casos de pessoas desaparecidas foram registrados na região – mistérios nunca desvendados. Alguns moradores inclusive juram que o espírito de Sara Harrison Shea, encontrada morta em 1908, ainda vague pelas ruas à noite.
A jovem Ruthie acredita que tudo não passa de uma grande bobagem. Porém, quando sua mãe desaparece sem deixar vestígios, ela começa a desconfiar de que aquela região guarda algum mistério, e suas suspeitas são reforçadas quando ela e a irmã encontram uma cópia do diário de Sara escondido em casa. Na busca pela mãe, Ruthie encontra respostas perturbadoras, e ela pode ser a única pessoa capaz de evitar que um grande mal aconteça.
Posso começar por dizer que não é, de todo, o tipo de leitura que me interesse, mas apesar do assunto e de algumas opiniões mais ou menos exageradas sobre o medo que dá ler sobre fantasmas, é bastante leve para o tema e lê-se facilmente se não estivermos à espera de nada de mais.
Não costumo gostar de narrativas em que o presente e o passado se intercalam. Costumam cortar o fio à meada de quem lê (eu, porque deve haver quem goste), mas no caso deste livro que como já disse, não é profundo nem complexo, não corta nada e até ajuda para irmos mudando, não de assunto, mas de caminho no assunto.
Enquanto no presente, alguns personagens tais como Ruthie, que procura a mãe e outros dois personagens (que não conto aqui) que procuram uma forma de despertar os seus entes queridos, entretanto falecidos, no passado vamos sendo levados aos poucos, pelas situações que provocaram o "caos" do presente.
A sinopse foi bem apresentada, mas não para este livro, pois trata-se um pouco disso sim, mas não é esse o assunto do livro. Acredito que no entanto, esta sinopse puxa por nós e poderá levar-nos a esperar mais do livro, se não nos dermos conta de que tem só um bocadinho a ver.
Embora goste de ler, às vezes, livros leves que não nos obrigam a pensar - também temos direito a ler apenas para passar o tempo - não aconselho este. Não tem nada de mais, a não ser que gostem de ler histórias de fantasmas, pois a mim, parece-me daquelas histórias que os miúdos contam à luz das fogueiras nos acampamentos, para assustarem os outros e gritarem muito.
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
Quando o Cuco Chama
Quando uma jovem modelo, cheia de problemas na sua vida pessoal, cai de uma varanda coberta de neve em Mayfair, presume-se que tenha cometido suicídio. No entanto, o seu irmão tem dúvidas quanto a este trágico desfecho, e contrata os serviços do detective particular Cormoran Strike para investigar o caso. Strike é um veterano de guerra - com sequelas físicas e psicológicas - e a sua vida está num caos. Este caso serve-lhe de tábua de salvação financeira, mas tem um custo pessoal…
Um policial envolvente e elegante, mergulhado na atmosfera de Londres. Quando o Cuco Chama é um livro notável, um romance policial clássico na tradição de P. D. James e de Ruth Rendell, que marca o início de uma série verdadeiramente singular escrita por Robert Galbraith, o pseudónimo de J.K. Rowling, autora da série Harry Potter e do romance Morte Súbita.
Acabadinho de ler, posso dizer para já que gostei, muito.
É daqueles policiais, onde nos vamos dando conta do sucedido, à cerca do caso que está a ser investigado à medida que as várias personagens são interrogadas pelo investigador, neste caso um detective privado de seu nome Strike, conforme o resumo.
E com os relatos dos vários envolvidos com a vitima, vamos nos dando conta de que alguns desses relatos não estão de acordo com o que foi decidido pela policia e pelos tablóides. E afinal, John Bristow, o irmão da vitima, tinha razão e a sua irmã, famosa modelo não se suicidou.
Claro que mais interessante ainda do que ler apenas, é tentar reunir esses relatos e chegar a conclusões sobre o crime, sobre o poiso das testemunhas e invariavelmente sobre o assassino.
Confesso que nunca tive como objectivos na leitura destes livros, descobrir os assassinos, nem me esforço muito para isso. Leio, tomo atenção ao que é dito, até faço uma ou outra comparação, mas deixo os especialistas concluírem.
E neste caso gostei muito da conclusão. Pensando bem tem lógica ser o assassino quem é, e se calhar até me lembrei dessa personagem, por acaso, mas não insisti e o desfecho apanhou-me agradavelmente de surpresa.
Strike é um personagem ligeiramente atormentado que tem a sorte de arranjar uma secretária que lhe dá algum sentido à vida. Não a nível emocional e isso agradou-me imenso, porque me preocupei se no fim acabassem os dois agarrados, mas sim a um nível prático da vida. Apesar do seu trabalho ser um trabalho importante, a falta de meios financeiros para contratar uma secretária competente, dava a ideia de que o que fazia não era nada de mais, nem valia um trabalho burocrático de bastidores. Mas Robin, veio trazer-lhe outro ânimo e foi com a sua ajuda que deu uma reviravolta a um dos assuntos ligados ao caso.
Podem ler e vão gostar de certeza. Não é exigente, nem complexo e como já disse, vamos conhecendo o que se passou com a vitima dias antes da sua morte, pelos relatos dos que a acompanharam nessa altura. Vamos conhecendo o dia a dia dos famosos, em que o seu exterior de glamour é ensombrado por dramas familiares, psicológicos, onde a droga reina. E é comparando todos esses relatos, com as suas eternas notas manuscritas que Strike brilha no final confrontando o assassino.
segunda-feira, 27 de julho de 2015
As Mãos Desaparecidas
Um detective torturado, três perturbadores suicídios, um mundo de terror.
Mario Vega tem sete anos e a sua vida vai mudar para sempre. Numa casa de um subúrbio rico de Sevilha, o pai jaz morto no chão da cozinha e a mãe foi sufocada na sua própria cama. Inicialmente parece ser um suicídio, mas o inspector-chefe Javier Falcón tem as suas dúvidas quando encontra um enigmático bilhete amarrotado na mão do morto.
Sob o calor brutal do Verão, Falcón inicia a investigação à obscura vida de Rafael Vega e começa a receber ameaças da máfia russa que opera na cidade há algum tempo. A sua investigação aos vizinhos de Vega levam-no a um casal americano com um passado devastador e ao tormento de um actor famoso, cujo único filho se encontra na prisão por um crime terrível.
Seguem-se mais dois suicídios - um deles o de um polícia graduado - e um incêndio florestal que alastra pelas colinas de Sevilha. Falcón tem agora de desvendar a verdade, revelando que está tudo ligado e que há mais um segredo na vida sinistra de Rafael Vega.
A leitura deste livro, confirma que gosto de ler Robert Wilson.
A escrita forte, complexa, mas de fácil assimilação desde que dediquemos mais de cinco minutos à mesma. Pois se lermos duas linhas ou três, por ler, perdemos-nos no emaranhado dos pormenores e explicações ricas e profundas, mas não enfadonhas como em alguns autores que eu já li.
Os enredos são fortes, parecem-nos intransponíveis, mas depois de desvendados, apreciamos a singeleza da coisa, a justificação, a lógica. Claro que temos sempre que encarar personagens com suas tendências politicas mais ou menos entranhadas, mas isso é a escrita de Robert Wilson. Em todos os livros dele que já li, há uma manifesta tendência para a politica ou ideias politicas, apresentadas como parte da ação, sem serem a ação, mas justificativas de partes da mesma.
Javier Falcon é um detective que teve problemas na vida (não precisamos de os ter vivido com ele, porque vão-nos sendo apresentados de quando em quando, como justificações e sombras da vida atual). Não o abafam, nem o tornam uma personagem aflita, sofredora. Apenas lhe dão caracter e razão de ser como é.
Quando começa a descobrir que todas as mortes estão ligadas, a tudo (e mais não digo para não ser spoiler) não descansa enquanto não leva os criminosos à justiça. Se não consegue por um motivo, conseguirá por outro.
Se gostam de um bom policial, cheio de personagens reais com todas as melhores virtudes e os piores defeitos do ser humano, aconselho a leitura.
Só para vos dar um vislumbre do tipo de escrita de Roberty Wilson, deixo aqui dois excertos:
A visita a uma prisão e o transmitir o ambiente que se percebia.
"O ar estava repleto de mentes aborrecidas curvadas sobre tempo comprimido enquanto estavam a beber o forte licor hormonal de frustrações engarrafadas"
Mario Vega tem sete anos e a sua vida vai mudar para sempre. Numa casa de um subúrbio rico de Sevilha, o pai jaz morto no chão da cozinha e a mãe foi sufocada na sua própria cama. Inicialmente parece ser um suicídio, mas o inspector-chefe Javier Falcón tem as suas dúvidas quando encontra um enigmático bilhete amarrotado na mão do morto.
Sob o calor brutal do Verão, Falcón inicia a investigação à obscura vida de Rafael Vega e começa a receber ameaças da máfia russa que opera na cidade há algum tempo. A sua investigação aos vizinhos de Vega levam-no a um casal americano com um passado devastador e ao tormento de um actor famoso, cujo único filho se encontra na prisão por um crime terrível.
Seguem-se mais dois suicídios - um deles o de um polícia graduado - e um incêndio florestal que alastra pelas colinas de Sevilha. Falcón tem agora de desvendar a verdade, revelando que está tudo ligado e que há mais um segredo na vida sinistra de Rafael Vega.
A leitura deste livro, confirma que gosto de ler Robert Wilson.
A escrita forte, complexa, mas de fácil assimilação desde que dediquemos mais de cinco minutos à mesma. Pois se lermos duas linhas ou três, por ler, perdemos-nos no emaranhado dos pormenores e explicações ricas e profundas, mas não enfadonhas como em alguns autores que eu já li.
Os enredos são fortes, parecem-nos intransponíveis, mas depois de desvendados, apreciamos a singeleza da coisa, a justificação, a lógica. Claro que temos sempre que encarar personagens com suas tendências politicas mais ou menos entranhadas, mas isso é a escrita de Robert Wilson. Em todos os livros dele que já li, há uma manifesta tendência para a politica ou ideias politicas, apresentadas como parte da ação, sem serem a ação, mas justificativas de partes da mesma.
Javier Falcon é um detective que teve problemas na vida (não precisamos de os ter vivido com ele, porque vão-nos sendo apresentados de quando em quando, como justificações e sombras da vida atual). Não o abafam, nem o tornam uma personagem aflita, sofredora. Apenas lhe dão caracter e razão de ser como é.
Quando começa a descobrir que todas as mortes estão ligadas, a tudo (e mais não digo para não ser spoiler) não descansa enquanto não leva os criminosos à justiça. Se não consegue por um motivo, conseguirá por outro.
Se gostam de um bom policial, cheio de personagens reais com todas as melhores virtudes e os piores defeitos do ser humano, aconselho a leitura.
Só para vos dar um vislumbre do tipo de escrita de Roberty Wilson, deixo aqui dois excertos:
A visita a uma prisão e o transmitir o ambiente que se percebia.
"O ar estava repleto de mentes aborrecidas curvadas sobre tempo comprimido enquanto estavam a beber o forte licor hormonal de frustrações engarrafadas"
Conversa entre dois homens. Oponentes por motivos pessoais, mas na mesma causa profissional.
"Calderón lançou-lhe um olhar que lhe acertou de raspão na orelha."
A escrita, como já disse é forte, complexa, mas lógica, direta e tem no entanto este tipo de narração ao longo de todo o livro, sem no entanto, o encher e se tornar demasiado cheio de nada.
segunda-feira, 6 de julho de 2015
O Silo
Não o li em nenhum record de tempo, mas li rapidamente. E isso significa que lemos e lemos e queremos saber o que vai acontecer.
Hugh Howey tem uma escrita fluída, com apenas uma condicionante, pelo menos neste livro que é o único que até agora li dele, demasiados detalhes. Houve alturas em que me "perdi" na arquitectura daquele silo, no labirinto dos corredores e câmaras de cada nível. Não me prejudicou em nada e às vezes acho que tal confusão, apesar de tão detalhadamente exposta, serviu para imaginar até que ponto será claustrofóbico viver num local daqueles. De tal forma, que quando no inicio, Holston, uma das personagens que foi condenada à limpeza, eu já desejava que ao chegar lá fora, visse um mundo diferente do que as câmaras "nos" davam a conhecer e ficasse a viver, de alguma forma, no exterior.Mas não, assim o livro não teria razão de se chamar O Silo.
Embora não especialmente de ler livros em que a maior parte da narração é interrompida por cenas passadas, para nos justificar aquela acção do presente que estamos a ler, gostei da forma, como nos primeiros capítulos, o autor nos apresenta uma situação (que pela sinopse sabemos que se trata de uma sentença de morte a quem se atrevia a por em causa) e no capítulo seguinte voltávamos atrás (mas já após a parte em que conhecemos a personagem) para sabermos como ela tinha chegado aí. E lá voltava eu a desejar que agora aquela personagem conseguisse viver no exterior. Está visto que a claustrofobia, ainda que discretamente apresentada, estava lá. A sociedade tem que ter regras para funcionar, mas regras baseadas no terror não são funcionais.
Gostei muito de Juliette. Uma mulher sem dúvidas e sem conflitos interiores que a tornassem uma "apertadinha" do estilo não sei o que faço ou vá fazer. Nada disso. Tomava os assuntos que pretendia resolver nas mãos e seguia em frente, sem perder tempo. É aquele tipo de personagem que neste tipo de histórias, vai dar a volta a tudo tal como um tornado ou um libertador. E são as ações de Juliette que fazem a história deste livro.
Não digo mais nada, ou vou estragar a surpresa de quem ainda não leu e deseje ler, embora gostasse mesmo de dizer mais algumas coisas, mas ia ser spoiler, de certeza.
No final deste silo, tive a oportunidade de ler o primeiro capitulo do livro que se segue e que não é nada mais nada menos do que a história anterior a esta. Ora, tendo nós lido, a vida de uma humanidade pós-apocalíptica em silos, há-de ser interessante recuar e saber como se chegou lá exatamente, pois a dada altura nos finais do primeiro livro, há uma espécie de uma explicação muito pouco detalhada de uma personagem a outra.
É uma distopia, claro. Que pelo visto, anda agora muito na moda, porque os autores já chegaram à conclusão que a realidade atual, deixou de ser interessante e dedicam-se ao futuro e sempre a um futuro negro. Mundos pós-Apocalipse (alterando o significado do nome, já que Apocalipse é o fim, o derradeiro ato do mal, desejando que se sobreviva ao mesmo, porque sim), onde as sociedades vencem pelo medo, sujeitas a opressões sem fim, onde o simples fato de se desejar respirar é crime que se paga com a vida.
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